E se o “S” e o “G” do ESG baterem nos frigoríficos contra financiadores de 8/1? Nenhum respondeu
Se o respeito com a democracia for ampliado para o “S” e o “G”, do conceito ESG (environmental, social and governance), que por tradução e entendimentos livres são “meio-ambiente, responsabilidade social e governança corporativa”, os frigoríficos estarão dispostos a aceitar a pressão contra fornecedores de bois que sejam condenados por financiarem a violência em 8 de janeiro?
A pergunta é de Money Times e foi feita aos quatro maiores players brasileiros, JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e Frigol.
Só um atendeu através da assessoria de imprensa: “A Marfrig não comenta sobre o tema”. Qualquer outra comunicação será inserida aqui.
À luz de informações sobre investigações avançadas contra pecuaristas do Sul do Pará, que se entrelaçam com o caso da bomba desmontada perto do Aeroporto de Brasília, conforme o UOL publicou nesta sexta (20), possivelmente outras serão conhecidas com o passar do tempo tendo o agronegócio sendo visto como a principal fonte de recursos daqueles que devem ser acusados de “terroristas”.
Às pressões pelo rastreamento e embargos de animais originários de áreas desmatadas ilegalmente, as indústrias costumam afirmar que mantêm a guarda alta, ou seja, que respeitam o “E” do ESG.
Como não se descarta que a mobilização por punição de todos os envolvidos nos atos antidemocráticos avance em todas as esferas, dentre todas as cadeias do agronegócio a mais passível de sofrer combate direto é a da pecuária.
Vale lembrar que campanhas paralelas de desmonetização e contra anunciantes de canais e plataformas de mídias consideradas distribuidoras de fake news e do discurso de ódio mostram resultados.
O movimento de consumidores Slepping Giant Brasil virou uma forte dor de cabeça à Jovem Pan News, entre outros veículos e canais de ‘youtubers’.
Produtor
Vários agentes produtores de boi foram contatados também por Money Times.
Mauro Lúcio Costa, do Pará, foi o único a mostrar boa vontade e coragem de falar no cenário “sem pé nem cabeça” da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Segue na íntegra:
“Praticamente quase todas as pessoas que fazem parte do agro eram a favor do Bolsonaro e isso sempre foi claro. Porém, o que foi errado foram as pessoas não aceitarem os resultados das urnas. O silêncio de Bolsonaro soou como se tivesse havido problemas nelas [eleições] e isso foi o combustível para fazer algumas pessoas a investirem energia, tempo e dinheiro em coisas sem pé nem cabeça”.
Quanto à imagem do setor produtivo como um todo, podendo ser contaminada, o pecuarista diz esperar que não aconteça, porque, como diz, “tenho investido minhas energias em coisas que consigo transformar, como uma pecuária mais eficiente e a melhoria para pequenos produtores”.