E se mudar a meta de inflação, o que acontece? Confira o que diz ex-BC
A meta de inflação continua no centro do debate nos mercados. A proximidade da primeira reunião deste ano do Conselho Monetário Nacional (CMN), na quinta-feira (16), e o rumor de possível revisão do alvo perseguido pelo Banco Central neste ano de 3,25% para 3,50% esquenta a discussão.
Pelo Twitter, o ex-diretor do BC Tony Volpon afirma que qualquer mudança na meta significa “incorporar as preferências do Executivo/presidente” sobre o que deveria ser a inflação média. Confira a postagem:
Há uma matéria na Folha (se eu não me engano) dizendo que o RCN está propondo mudar a meta de 3,25% para 3,5%.
Espero muito que essa informação esteja errada. Todo ponto de mudar a meta é a de incorporar as preferências do executivo/Presidente sobre o que deveria ser a inflação… https://t.co/ROcqykYaqE
— Tony Volpon (@TonyVolpon) February 11, 2023
Volpon se refere às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o descompasso entre a taxa básica de juros, a inflação e as metas da autoridade monetária. Como consequência, Lula também colocou em xeque a autonomia do BC. Ainda na rede social, Volpon avalia que o BC deveria “brigar” por sua autonomia operacional.
Nova meta, e aí?
Segundo o ex-diretor do BC durante o governo Temer e na gestão de Ilan Goldfajn, mudar a meta de inflação tem graves consequências. A primeira, obviamente, seria um aumento das taxas nominais ao longo da curva de juros futuros.
Isso porque a decisão em si de mudar a meta de inflação sinaliza, segundo Volpon, possível “leniência” no combate à alta dos preços. Além disso, também pode haver o risco de reincidência por parte do governo Lula.
causadas pela expectativa de uma mudança das metas, isso está já precificado.
Mas a decisão em sí sinaliza possível leniência com o combate a inflação. Haverá a especulação: governo que muda a meta uma vez, pode mudar de novo…
Assim em um primeiro momento, deve ocorrer… 2/n
— Tony Volpon (@TonyVolpon) February 10, 2023
Assim, Volpon avalia que “é improvável” que haja uma queda imediata dos juros básicos. Ou seja, cortes na Selic só devem ocorrer quando ficar claro que o BC tem apoio para perseguir as novas metas. “Isto é, podem mudar a meta, mas aí o BC tem de ter a autonomia para agir e ancorar as expectativas nas novas metas. E isso não vai acontecer imediatamente”, diz.
de perseguir as novas metas, e que uma queda de juros é compatível com as novas metas, que o BC deve baixar o juros.
Isto é, podem mudar a meta, mas ai o BC tem que ter a autonomia para agir e ancorar as expectativas na novas metas, e isso não vai acontecer imediatamente.
Fim
— Tony Volpon (@TonyVolpon) February 10, 2023