É possível transitar direto da agricultura para os serviços sem passar pela indústria?
No processo de desenvolvimento econômico, o emprego nos países pobres transita da agricultura para a industrias low-tech num primeiro momento. Depois para indústrias médium tech, industrias high-tech e por fim serviços empresariais complexos.
A Índia, com sua população gigante, está tentando cortar caminho. Tem sido citada como exemplo de desenvolvimento liderado pelo setor de serviços, transitando diretamente da agricultura sem passar por industrialização significativa.
Informações recentes vêm evidenciando as limitações do modelo, especialmente para países populosos. O ex-conselheiro econômico da Índia @arvindsubraman publicou paper contestando o crescimento médio anual oficial de 7% desta década. Uma mudança de metodologia estaria superestimando o crescimento do PIB, que deveria corresponder a cerca de 4,5% ao ano. Ainda, os serviços sofisticados em que se especializou (TICs) não geram empregos qualificados suficientes e são especialmente suscetíveis à automação. O resultado é uma taxa de desemprego maior entre os mais educados, apesar da boa formação acadêmica.
A Índia costuma ser forte na produção de software, uma etapa de menor valor agregado, e não no seu design. Boa parte dos especialistas formados na Índia acabam migrando para melhores empregos nos EUA. O setor de TI da Índia é bem-sucedido, mas vive basicamente da terceirização de serviços de baixo valor agregado. Não produz quase nada dos componentes tecnológicos, e vê seus melhores engenheiros partirem para o exterior. Agora o governo quer mudar isso!
Referências:
https://worldview.stratfor.com/article/why-indias-options-reduce-inequality-are-limited
Artigo escrito por Paulo Gala e Felipe Augusto Machado.