Renda Fixa

É possível, sim, perder dinheiro com renda fixa (saiba o que ninguém te conta)

21 jan 2022, 14:25 - atualizado em 21 jan 2022, 14:25
Real Moedas
É preciso ter cuidado redobrado para também não perder dinheiro ao aplicar na renda fixa (Imagem: Reprodução/Casa da Moeda/Facebook)

É inegável que o investidor brasileiro neste momento tem trocado o sobe e desce da Bolsa de Valores pelos ganhos cada vez mais atrativos da renda fixa.

O ano de 2022 deve acelerar ainda mais a migração dos investidores da renda variável para a fixa, à medida que a corrida eleitoral se afunila, trazendo mais volatilidade aos mercados financeiros, somado a outros fatores.

“Os títulos de renda fixa estão se tornando cada vez mais relevantes para o investidor, pois a alta da taxa Selic faz com que os papéis indexados ao CDI, que é um indicador que acompanha a taxa básica de juros, fiquem mais atrativos para se investir”, avalia Francis Wagner, CEO do App Renda Fixa.

Ainda assim, o que poucas pessoas sabem é que também é possível perder dinheiro desta forma. Ou seja, mesmo o investimento com menos risco pede cuidado redobrado.

Pegadinha da liquidez

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Se no dia da retirada antecipada aquele título tiver sendo negociado com um valor menor que o estabelecido, o investidor perde parte do dinheiro aplicado e abre mão da rentabilidade esperada (Imagem: Pixabay)

No Tesouro Direto, que é o investimento mais seguro do Brasil, é preciso se atentar para não cair na “pegadinha” da liquidez.

O investidor pode resgatar o dinheiro a qualquer momento antes do vencimento, mas os valores de venda dos títulos são atualizados diariamente. Acompanhe o exemplo a seguir:

Se o investidor tem um título do Tesouro IPCA+ 2026 ou do Tesouro Pré-Fixado 2026 e quer resgatá-lo antes data de vencimento (o ano de 2026), ele pode perder dinheiro se no dia da retirada aquele título estiver sendo negociado com um valor menor que o estabelecido.

A garantia de rentabilidade esperada nos títulos pré-fixados e pós-fixados só é confirmada quando as datas de vencimento são respeitadas.

Para evitar essa situação, Carol Stange, educadora em finanças pessoais e analista de investimentos, explica que antes de sair investindo, é preciso deixar bem claro quais são objetivos para aquele dinheiro aplicado.

Desta forma o investidor não corre o risco da tentação de mexer no dinheiro que está atrelado a um vencimento, afinal existem títulos de renda fixa com liquidez diária, ou seja, que podem ser sacados a qualquer momento sem risco de perda, geralmente indicados para a construção de uma reserva de emergência.

Rendimento não é fixo

Muitos investidores se quer sabem que há volatilidade nos investimentos em renda fixa

O rendimento do título só será fixo se for preenchida uma condição: que o investidor o carregue até o vencimento.

Conhecido como marcação a mercado, o fenômeno se explica pela eventual diferença entre a taxa de juros vigente na compra do título pelo investidor e aquela praticada pelo mercado quando ele optou por se desfazer da posição.

Quem acompanha o mercado financeiro deve se lembrar que os juros no Brasil oscilaram bastante no decorrer da pandemia de Covid-19, indo para a mínima histórica de 2% ao ano e agora retomando o ciclo de alta, com taxa Selic esperada a 10,75% na reunião do Copom em fevereiro.

Vamos exemplificar com dois cenários:

i) Se os juros eram de 5% ao ano e continuam sendo de 2% ao ano, então o título de renda fixa adquirido que paga 5% ao ano terá o mesmo valor de mercado e o investidor receberá o que esperava.

ii) se os juros vigentes passaram a ser de 6% ao ano, o título que paga só 5% sofrerá deságio e o investidor perderá dinheiro. Se, por outro lado, a taxa básica de juros tiver caído para 4%, um título que paga 5% será mais valorizado e o investidor sairá no lucro ao vendê-lo.

Outro ponto importante a se observar é o nível de inflação, pois o IPCA já se encontra perto de 11% no acumulado de 12 meses, explica Guilherme Gentile, head do aplicativo Dividendos.me.

“O investidor deve optar por ativos de curto a médio prazo, principalmente os indexados ao CDI, já que a taxa Selic está em tendência de alta justamente para conter o avanço da inflação”, afirma.

Segundo Gentile, os investimentos indexados ao IPCA podem ser uma alternativa, mas é importante que, nesse caso, o investidor opte por ativos mais curtos, já que com a subida da taxa Selic a tendência da inflação é baixar, afetando diretamente a rentabilidade dos ativos atrelados a esse indexador.

“No atual patamar da Selic, é possível encontrar boas opções nas plataformas de investimentos, diversas com um retorno de mais de 1 dígito ao mês”, ressalta.

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