Carreiras

É possível ser feliz no trabalho? Veja o que este psicólogo afirma

12 abr 2022, 15:36 - atualizado em 12 abr 2022, 15:36
Felicidade e trabalho
Felicidade e trabalho, psicólogo explica se é possível essa relação (Imagem: Brooke Cagle/Unsplash)

Ser feliz no trabalho pode ser um objetivo profissional e até mesmo pessoal para várias pessoas. Quem nunca ouviu o conselho “faça aquilo que você ama e nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”.

Mas, falando sério, será que é possível ser feliz no trabalho?

Como explica o psicólogo e autor Lucas Franco Freire, do livro Playfulness, a melhor definição para gostar do trabalho não seria exatamente felicidade, mas sim “bem-estar”.

A felicidade é uma jornada pessoal, com encontros e desencontros em todas as carreiras, sinaliza o psicólogo.

“Felicidade é arbitrária. Ela está, muitas vezes, na caixa, e não no brinquedo. Ela está na jornada e não no fim. Ela parece indomável, porque é pessoal e intransferível”, acrescenta.

Trabalhar é igual a sofrer?

Freire pontua que é necessário reconstruir o que é o sofrimento no trabalho. Visto que, tem-se uma construção social e histórica de que trabalhar é igual a sofrer. 

“O trabalho é um espaço para o sofrimento além do esforço. É isso que a gente precisa redesenhar. Eu conheço pessoas felizes e infelizes em todos os lugares”, diz o especialista.

Outro ponto que merece reflexão, para ele, é o do trabalho como uma fonte de adoecimento, algo que necessita “ser desenhado como um lugar que não gere sofrimento para além do esforço”.

Síndrome de Burnout e a volta ao “velho normal”

“A gente cai na cilada do tóxico e da felicidade tóxica quando a gente transforma a felicidade em produto, em prateleira, ou quando a gente transforma felicidade em fórmula. E não há fórmula”, pontua o psicólogo.

Assim, a Síndrome de Burnout pode aparecer.

Freire explica que a síndrome é um esvaziamento de energia, uma estafa crônica. Ela, historicamente, ligada a profissões que lidam com o cuidado, como a dos professores, exemplifica ele.

Para o especialista, essa maior presença da doença na sociedade é hoje ligada ao modelo social que estamos inseridos.

“As pessoas estão vivendo uma ansiedade crônica, com muitas cobranças nas organizações. Se a gente associar isso a ambientes que não se desenham para construir bem-estar, temos o caldeirão perfeito”, conclui.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, muitas empresas estão retornando ao modelo presencial integralmente, ou, de forma híbrida, com alguns dias da semana no escritório e outros remotamente. A volta para esse “antigo normal”, mesmo que gradual, gera impactos para os trabalhadores.

Freire aponta que, nesse momento, não se pode deixar de falar sobre sentimentos — sejam eles positivos ou negativos.

“Não somos mais os mesmos e precisamos falar sobre isso”, afirma.

O especialista também questiona que, “se não somos mais os mesmos, quais são os novos líderes e processos que precisamos?”

“Essa resposta ainda estamos descobrindo”, diz ele. 

Gente feliz trabalha melhor

Para as empresas, Freire sinaliza que é necessário prestar atenção no fato de que o bem-estar no trabalho se desdobra em uma série de fatores. Como os três a seguir:

1. Engajamento: “existe uma diferença entre compromisso e engajamento. O comprometimento, ele é da relação, ‘eu estou comprometido com a organização’. O engajamento é meu com a minha trajetória”, explica ele. E acrescenta: “pessoas engajadas dão mais soluções”.

2. Inovação: o psicólogo ressalta que nenhuma organização vai sobreviver, em um mundo de constantes transformações, se elas não inovarem. “A inovação pressupõe que eu queira dar ideias para essa organização. Então, pessoas engajadas dão mais ideias, contribuem mais, constroem mais soluções”.

3. Conexão com a criança interior: é quando nos conectamos com a criatividade na sua expressão máxima, afirma ele. “Eu vou me conectar com isso em ambientes de leveza e de bem-estar”. Além disso, o psicólogo adiciona: “para dar ideias a gente precisa se conectar com uma coisa que esquecemos e deixamos para trás no nosso processo de autoconhecimento: a conexão com a nossa criança interior”.

Esses fatores, de acordo com Freire, estão em uma relação praticamente direta entre a construção de ambientes saudáveis e resultados coorporativos. Algo que, segundo ele, é questionável hoje.

Assim, ele defende a sustentabilidade das organizações com base na inovação e na criatividade.

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