Economia

É possível que o pior de 2022 esteja sendo experimentado agora, aponta Gustavo Franco

27 dez 2021, 15:03 - atualizado em 27 dez 2021, 15:03
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e autor do livro "Lições Amargas"
“É possível que o pior de 2022 esteja sendo experimentado agora, ou mesmo já tenha ficado para trás. A ver”, diz Gustavo Franco (Imagem: Claudio Gatti/Dedoc)

O ex-presidente do Banco Central e conselheiro sênior da gestora Rio Bravo, Gustavo Franco, aponta em sua carta de retrospectiva de 2021 que o desempenho ruim dos mercados financeiros do Brasil, em destoamento ao dos internacionais, na verdade revela uma antecipação ao cenário esperado para 2022.

“Já se tornou um clichê o prognóstico que 2022 será tumultuado em razão da eleição. A sabedoria de mercado, todavia, é de que todo prognóstico consensual é sempre antecipado, de tal sorte a trazer para o presente o que já se toma como certo para o futuro”, explica Franco.

“É possível que o pior de 2022 esteja sendo experimentado agora, ou mesmo já tenha ficado para trás. A ver”, continua ele.

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Balões de ensaio

Em seu texto (cuja íntegra pode ser lido aqui), Franco lembra que em 2021 alguns “balões de ensaio” soltados pela equipe econômica de Paulo Guedes, mesmo sem apoio explícito de Jair Bolsonaro, ganharam corpo e hoje se tornaram os “grandes feitos do governo”.

“É o caso de vários assuntos que vinham de longe: (i) a Lei Complementar 179, em fevereiro, elevando a autonomia do Banco Central ao estabelecer mandatos para seus dirigentes; (ii) o leilão da CEDAE em abril, o primeiro grande evento do novo marco do saneamento, aprovado em meados do ano anterior; assim como (iii) o leilão da frequência 5G, ocorrido em novembro. Nada disso estava nos planos do governo”, destaca.