É possível invadir uma chave privada de bitcoin?
Chave privada é a principal via de acesso a criptoativos, baseada em uma gigante fila de caracteres e números, que não possui senha nem usuário e, assim, torna-se uma opção bem mais segura.
Cada pessoa ou entidade pode ter sua própria chave privada e receber fundos por meio de uma outra, chamada de chave pública. Se o usuário perder o acesso à sua chave privada, não há como recuperar seus ativos.
Uma chave pública seria o número de sua conta bancária enquanto sua chave privada seria a união de sua conta bancária e senha; você pode enviar dinheiro para uma conta bancária se tiver as informações necessárias do destinatário, mas só este terá acesso ao dinheiro.
Uma forte invasão a uma chave privada seria, em teoria, mais parecido com uma invasão a uma senha comum — chamada de “ataques de força bruta” —, mas infinitas combinações são realizadas antes de a combinação de uma chave privada ser identificada.
Na verdade, ataques a chaves privadas de bitcoin são matematicamente impossíveis.
Para realizar a invasão, é preciso que um software encontre um número entre 1 e 115 quadragintilhões, ou seja, um número de 78 dígitos que é maior do que o número total de átomos no universo, explica o Decrypt.
O receio entre alguns é de que um computador quântico poderia ameaçar a tecnologia Bitcoin. Google, IBM e PsiQuantum são algumas das empresas que estão pesquisando essa tecnologia, em um mercado que pode chegar a US$ 64 bilhões até 2030.
Computadores quânticos podem realizar cálculos, como a criação de modelos para detectar fraudes. Mas poderiam ser prejudiciais ao bitcoin, pois seriam necessários 2,5 mil bit quânticos (“qubits”) para quebrar a criptografia do Bitcoin e, assim, obter controle do blockchain.
Para acalmar os ânimos, Vitalik Buterin, cofundador da rede Ethereum, disse, em outubro de 2019, que a comunidade cripto ainda não precisa se preocupar com isso.
“Basicamente, minha impressão sobre a recente supremacia quântica é, para a verdadeira computação quântica, o que bombas de hidrogênio são para uma fusão nuclear”, explicou ele.
My one-sentence impression of recent quantum supremacy stuff so far is that it is to real quantum computing what hydrogen bombs are to nuclear fusion. Proof that a phenomenon and the capability to extract power from it exist, but still far from directed use toward useful things.
— vitalik.eth (@VitalikButerin) October 24, 2019
Já Andersen Cheng, CEO da Post Quantum, empresa que fornece soluções de informação contra ameaças atuais e futuras, contou ao Decrypt:
O consenso geral para um computador quântico comercialmente viável está entre dez a 20 anos distante. Porém, estamos falando sobre um computador quântico funcional em vez de falar de um comercialmente disponível. São duas coisas completamente diferentes.
Uma possibilidade de um computador quântico prejudicar a segurança de chaves privadas de criptoativos seria substituindo-as diretamente sem roubá-los da carteira de alguém.
Algumas pessoas acreditam que assinaturas já são computação pós-quântica, segundo Cheng.
Mesmo se já forem, “até um bloco ser realmente confirmado ao certificar que blocos anteriores são verdadeiramente imutáveis, existe um período efêmero em que se pode replicar a chave privada para começar a assinar transações não autorizadas”.
Isso prejudicaria a confiança no Bitcoin. “Você não pode mais certificar que aquela transferência de bitcoin realmente veio de sua chave privada ou de uma chave privada duplicada por um computador quântico que nem precisou invadir sua carteira”, disse ele.
Por ser algo muito distante, não temos com o que nos preocupar, mas é bom pensar agora nos riscos das duas próximas décadas.
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