‘É muito difícil ficar desanimado com a renda variável no Brasil’, diz Goldman Sachs
O Goldman Sachs acredita que o Brasil possa ter uma performance positiva em seus ativos nos próximos meses. Na visão dos executivos do banco americano, com uma estabilização do mercado externo, o país tende a ser favorecido.
O Brasil tem seguido um ciclo de afrouxamento monetário que, combinado ao crescimento econômico acima das expectativas do mercado e uma oferta barata de ativos, formam uma cenário fértil para entrada de estrangeiros que ainda sofrem com o mercado internacional.
O cenário internacional está se estabilizando?
Nos Estados Unidos, a volatilidade enfrentada no pós-pandemia e a crise nos bancos de médio porte levaram os investidores a acreditarem em uma recessão no país – o que ainda não é descartado.
“Até o ano passado, o juro real americano de cinco anos estava em -1,5% e hoje está acima de 2%, ou seja, teve um efeito relevante na economia, mas ela tem se mostrado muito resiliente”, disse a diretora de mercados globais de renda fixa, câmbio e commodities do Goldman no Brasil, Paula Moreira, em entrevista ao Valor Econômico.
Sobre as expectativas quanto à reunião do Federal Reserve amanhã (20), Moreira aponta estabilidade. “Achamos que não haverá novas subidas nos juros pelo Fed, mas esse patamar entre 5,25% e 5,5% deve ser mantido até o segundo trimestre do ano que vem e, a partir daí, vamos começar a ver quedas de juros bem graduais”, afirma.
Quanto ao cenário na China, com crescimento abaixo do esperado e a crise no setor imobiliário, os executivos do banco ainda enxergam um pessimismo do mercado que pode acabar esbarrando no Brasil.
“Os problemas no mercado imobiliário são bem profundos e esses processos podem ser bastante lentos e dolorosos. No curto prazo, a história é identificar quão agressiva será a resposta de políticas fiscais e monetárias”, disse o diretor de renda variável para a América Latina do banco, Juliano Arruda, ao Valor.
Em resumo, Arruda avalia que o mundo está em crescimento dessincronizado. A China encontra problemas com um banco central tímido, a Europa caminha a passo lentos e os EUA continua lutando para não enfrentar uma recessão.
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No Brasil
Com este cenário desenhado, os executivos do Goldman entendem que “é muito difícil ter uma dissociação entre os ativos do Brasil ou dos mercados emergentes dada essa incerteza”. Mas os estímulos monetários de cortes nos juros é um ponto interessante para o mercado de ações.
“Nos últimos seis ciclos de cortes de juros, o mercado de ações subiu em todos. As condições para que isso aconteça no Brasil parecem interessantes. Os múltiplos estão entre ‘baratos’ e ‘muito baratos’; vemos as condições do lado monetário; o crescimento tem surpreendido, o que afeta o lucro das empresas”, aponta o diretor de renda variável ao jornal.
Ao falar da bolsa brasileira, Arruda se anima com as empresas menores, que são “tipicamente domésticas”. “Taticamente, é muito difícil ficar desanimado com a renda variável no Brasil”, diz.
Já Moreira chama atenção para as incertezas fiscais no país. Segundo ela, são mais preocupações internas do que externas, já que o mundo inteiro passou por uma expansão fiscal após o fim da pandemia.