É momento de realizar lucros com Bradesco e comprar ações do Banco do Brasil, aponta BBA
O momento é de vender as ações do Bradesco (BBDC4) para realizar lucros e de comprar papéis do Banco do Brasil (BBSA4), aponta o Itaú BBA em relatório enviado a clientes e obtido pelo Money Times.
A corretora, que rebaixou a recomendação do Bradesco para neutra com preço-alvo de R$ 25, afirma que os spreads não devem melhorar, a demanda por crédito tende a esfriar e a inadimplência aumentar rapidamente.
“O cenário macroeconômico deteriorado também reduzirá a probabilidade de pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas”, afirmam os analistas Pedro Leduc e Mateus Raffaelli.
Além disso, eles calculam que o Bradesco é negociado em nível próximo de sua média histórica de preço por valor patrimonial.
Por outro lado, a dupla elevou a confiança com as ações do Banco do Brasil, argumentando que os papéis estão “extremamente descontados”.
“Nossa preferência leva em conta que a ação ficou tão descontada que, na nossa visão, há mais a ganhar do que a perder. Além disso, a baixa expectativa do mercado para BB e o bom histórico recente de resultados da instituição, que vieram acima do esperado nos últimos dois trimestres, nos dão mais conforto com a ação”, argumentam.
Mercado está ignorando o aumento da inadimplência?
Leduc e Raffaelli lembram que o principal motivo para o Bradesco ter melhorado os seus números foram as despesas mais baixas com provisões para devedores duvidosos, que continuará beneficiando o banco nos próximos trimestres. Porém, isso não deve se estender por muito tempo, alertam.
“Acreditamos que o impacto adverso na inadimplência em 2022, com PIB potencialmente mais fraco e inflação substancialmente elevada, está sendo subestimado”, afirmam.
Eles elevaram as expectativas de inadimplência para 3,8% (ante 3,2%) e as despesas com provisões em 20%, para R$ 21 bilhões no ano que vem.
“Dito isso, e somando-se às expectativas de despesas gerais e administrativas maiores diante do cenário inflacionário, vemos uma queda de cerca de 20% em nossas expectativas de lucro para o Bradesco em 2022”, afirmam.
A dupla estima em R$ 24,5 bilhões o lucro líquido do banco no próximo ano, 15% abaixo do consenso.
“Em relação ao crescimento da carteira de crédito, cortamos nossa projeção para 5% no ano que vem dadas as expectativas mais fracas para o PIB, queda na confiança e alto grau de endividamento das famílias – o que, em um cenário de alta de juros, reduz o apetite dos clientes para novos empréstimos”, pontuam.