E-mails de funcionários da Boeing podem dar munição a processos
E-mails internos de funcionários da Boeing podem dar mais munição aos processos movidos por famílias contra a fabricante de aviões, acusada de minimizar a importância de treinamento para os novos jatos 737 Max, o que teria contribuído para dois acidentes que mataram 346 pessoas.
Alguns funcionários se gabaram por ter convencido a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos EUA de que pilotos que tinham pilotado modelos 737 mais antigos precisariam apenas de treinamento em informática para voar com a nova versão, segundo e-mails divulgados pela empresa.
Esses comentários reforçariam a alegação dos processos de que a Boeing comprometeu a segurança para vender os jatos e podem aumentar sua responsabilidade, disse Justin Green, um advogado que representa 32 famílias de pessoas que morreram no acidente da Ethiopian Airlines no ano passado.
“A falta de treinamento é essencial para o nosso processo”, disse Green. “Esses documentos mostram que a Boeing controlou totalmente a FAA e confirmam tudo o que as famílias alegaram.”
Nos processos, a Boeing é acusada de tentar colocar um novo avião no mercado o mais rápido possível para competir com o A320 neo, da Airbus. Parte do argumento de venda era que pilotos já qualificados para pilotar os modelos 737 mais antigos não precisariam de um novo treinamento, demorado e de alto custo, para o Max.
Tanto o acidente da Ethiopian Airlines quanto o desastre com o avião da Lion Air, que caiu no mar de Java em 2018, teriam sido causados por falhas no sistema de controle de voo do 737 Max, o que contribuiu para a queda dos aviões logo após a decolagem.
A Boeing não quis comentar o processo.