Combustíveis

É hora de dar adeus a Petrobras (PETR4)? Itaú tem a resposta

22 nov 2022, 16:14 - atualizado em 22 nov 2022, 16:14
Petrobras
Mudanças na política de preços abalariam os resultados da Petrobras e a dinâmica de downstream no Brasil, afirmam analistas (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A implementação de uma política de preços de paridade internacional pela Petrobras (PETR3;PETR4) representa uma “reviravolta inquestionável” na rentabilidade do segmento de downstream (transporte, comercialização e refino) da estatal, avaliam Monique Greco e equipe do Itaú BBA.

Segundo os analistas, uma possível mudança na política da petrolífera pode resultar em impactos consideráveis, principalmente se avançar uma política de preços baseada em custos de produção.

“Qualquer proposta que sugira desvincular os preços domésticos da referência de paridade de importação implicaria em mudanças significativas na política de preços e nos resultados da empresa. Isso também implicaria em consequências para toda a dinâmica de oferta e competitividade do setor de downstream no Brasil”, afirmam.

Greco e equipe ainda ressaltam que, embora não deixe claro suas diretrizes em relação ao tempo e à magnitude dos ajustes, a Petrobras tem conseguido alcançar os preços de paridade internacionais.

Dada a falta de clareza sobre o futuro da política de preços da companhia e os possíveis impactos de cenários mais extremos, os analistas julgam ser “cedo para afirmar que o preço atual da ação está descontado o suficiente para acomodar todos os desfechos possíveis para esse risco”.

O Itaú BBA espera que os papéis da Petrobras tenham um desempenho em linha com a média do mercado (market perform). A corretora aguarda uma visão mais clara do histórico de investimentos da estatal, principalmente no que diz respeito às diretrizes de política de precificação e alocação de capital.

O problema da política de preços da Petrobras

Desde a implantação da atual política de preços, em 2016, a Petrobras acompanha de perto os preços de paridade internacionais, embora as diretrizes dos reajustes sejam incertas.

Na análise do Itaú BBA, não está claro quais as alternativas para a política de preços da empresa para o próximo governo. Isso porque os custos de oportunidade dos combustíveis no Brasil são baseados em preços de paridade de importação.

Greco e equipe explicam que um déficit estrutural de longo prazo no Brasil implica um custo de oportunidade baseado nos preços de paridade de importação de diesel e gasolina, que combinados com os custos de paridade de exportação de petróleo bruto resultam no “melhor fundamentos para o refino”.

“Por muitos anos, os preços da Petrobras tiveram desconto para preços de paridade de importação, o que fez com que a empresa fosse a única fornecedora do país até 2015, quando a prática do prêmio nos preços domésticos levou a um nível acima do ideal de importações,

O primeiro problema surge quando o prêmio nos preços domésticos levou a um nível acima do ideal de importações. Nesse momento, a Petrobras teve perda de market share (participação no mercado) e reduziu as taxas de utilização das refinarias. Apesar disso, os preços de paridade de importação são a referência para a Petrobras.

Outro equívoco quanto à atual implantação da política de preços da estatal está no fato dos preços dos combustíveis serem regionalizados e diferentes em refinarias e pontos de venda.

“Não existe um preço de realização único para todo o país. Devido à extensa extensão geográfica do Brasil, o cálculo do preço justo de paridade de importação para cada ponto de venda e refinaria no país incorpora diferentes custos de transporte terrestre”, afirmam os analistas.

Isso mostra que uma proposta de regionalização de preços não implicaria grandes mudanças na atual política de preços e nos atuais patamares de preços domésticos.

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