É hora de começar a falar sobre desaceleração das altas de juros, diz Daly, do Fed
O banco central dos Estados Unidos deve evitar colocar a economia numa “contração não forçada” ao aumentar os juros muito acentuadamente, e é hora de começar a falar em diminuir o ritmo das altas nos custos dos empréstimos, disse a presidente do Federal Reserve de San Francisco, Mary Daly, nesta sexta-feira.
A expectativa é de que os formuladores de política monetária do Fed entreguem um quarto ajuste consecutivo na taxa básica de 0,75 ponto percentual na próxima reunião de política monetária, de 1 a 2 de novembro, conforme o banco central luta contra a inflação mais elevada em 40 anos.
“Podemos acabar, e os mercados certamente precificaram isso, com outro aumento de 75 pontos-base”, afirmou Daly na reunião do Conselho Consultivo de Política Monetária do Fisher Center for Real Estate & Urban Economics da UC Berkeley em Monterey, Califórnia. “Mas eu realmente recomendo que as pessoas, a partir disso, não pensem ‘bem, são (incrementos de) 75 pontos para sempre’.”
As projeções das autoridades do Fed divulgadas no mês passado mostram que a maioria acredita que a taxa básica precisará subir para 4,5% a 5% no próximo ano para começar a reduzir a inflação em direção à meta de 2% do banco central. Essas previsões ainda são “razoáveis”, disse Daly, acrescentando que ela as fixou em sua parede para se lembrar de onde a taxa terminará.
“Eu ouço muita preocupação no momento de que vamos quebrar. Mas na verdade não é assim que nós, ou eu, pensamos sobre política monetária”, afirmou.
Com os juros quase em níveis neutros, disse, o Fed passa para uma segunda fase no aperto monetário que deve ser “bem pensada” e “incrivelmente dependente de dados”.
“Temos que ter certeza de que estamos fazendo tudo ao nosso alcance para não apertar demais (os juros), e não podemos subir rápido demais e dizer que terminamos”, afirmou ela. Os ventos contrários da guerra na Ucrânia, a desaceleração na Europa e o aperto contínuo da política monetária dos bancos centrais em todo o mundo podem afetar a economia dos EUA, disse, e, finalmente, quão alta a taxa básica precisa ser.
Com a inflação mais de três vezes acima da meta do Fed, de acordo com o indicador preferencial do banco central, e o mercado de trabalho muito forte, “é realmente desafiador recuar agora”, disse Daly. “Nós ainda não estamos lá.”
Mas, ela acrescentou, “agora é hora de começar a falar sobre desacelerar. Agora é a hora de começar a planejar a desaceleração”.
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