Renda Variável

Questão do desmatamento não irá atrapalhar relação EUA x Brasil, avalia UBS

27 jan 2021, 10:44 - atualizado em 27 jan 2021, 11:20
Com Biden na Casa Branca, Brasil tende a ser pressionado devido ao desmatamento, mas não a ponto de atrapalhar a relação bilateral com os EUA (Imagem: Facebook/Joe Biden)

Ações de empresas de mercados emergentes, especialmente da Rússia e América Latina, serão as mais procuradas pelos investidores de renda variável este ano, na opinião da divisão de gestão de fortunas do UBS Group, que supervisiona mais de US$ 4 trilhões para clientes.

A recuperação da economia global, a introdução das vacinas contra o coronavírus, a diminuição das incertezas em torno da política externa dos EUA, o dólar mais fraco, a alta de preços das commodities e estímulos governamentais nos principais mercados são fatores que se combinarão em prol deste movimento.

Neste contexto, o UBS passou a preferir no universo de ações os países em desenvolvimento, que são mais sensíveis ao crescimento global e mais baratos do que os mercados desenvolvidos.

O índice de mercados emergentes MSCI é negociado a 16 vezes o lucro esperado nos próximos 12 meses, bem abaixo da relação de 22 vezes apurada para o S&P 500 (SPX) e de 17 vezes observada para o Stoxx Europe 600.

“Os mercados emergentes estão em uma boa posição neste momento”, afirmou Michael Bolliger, diretor de investimentos da unidade de mercados emergentes, em entrevista.

“Olhando para os múltiplos, há partes do mercado onde aumenta a preocupação com o encarecimento dos ativos. Os mercados emergentes definitivamente não se encaixam nisso. Particularmente fora da Ásia, onde os múltiplos ficaram para trás, o que é outra vantagem.”

Descaso de Bolsonaro com o desmatamento da Amazônia pode custar caro ao mercado acionário brasileiro (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O MSCI Emerging Markets Index já subiu quase 8% em janeiro e a UBS Wealth projeta avanço adicional para 1.450 pontos até o final do ano, representando aumento de cerca de 5% em relação aos níveis atuais. Em um cenário especialmente otimista, o índice alcançaria 1.600, entregando ganho acima de 15%.

Rússia e América Latina são as principais escolhas devido à combinação atraente de exposição às commodities, estímulos governamentais ao crescimento e ações com perfis de valor e cíclico.

A Rússia oferece os “maiores ganhos com dividendos no planeta” e o rublo está prestes a se fortalecer já que o barril de petróleo pode chegar a US$ 63 até o final do ano, de acordo com as estimativas da UBS Wealth.

Na América Latina, onde os setores de finanças, matérias-primas e energia são bastante relevantes, o México provavelmente enfrentará maior pressão do governo do presidente americano Joe Biden em questões como direitos humanos e política trabalhista, mas se beneficiará de uma abordagem mais colaborativa à imigração e do aumento de gastos nos EUA.

Já o Brasil tende a ser pressionado devido ao desmatamento, mas não a ponto de atrapalhar a relação bilateral com os EUA

Em um cenário de maior aversão a risco ou disparada dos rendimentos da renda fixa nos EUA, a classe de ativos de mercados emergentes pode ficar mais volátil, mas permanece atraente, segundo o entrevistado.

Estes foram outros comentários de Bolliger e do relatório publicado pela UBS Wealth na semana passada:

1) Os mercados de ações da Ásia também parecem atraentes, “particularmente a China”, onde se espera que o consumo interno impulsione forte crescimento da economia e dos lucros das empresas

2) A poupança acumulada durante a pandemia permitirá que os consumidores gastem mais em bens e serviços; na Turquia e Tailândia, a expectativa é que os turistas voltem em peso

3) Empresas que lideram em temas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) devem se beneficiar da mudança de prioridades “em direção a um futuro mais verde, mais social e de melhor governo também nos mercados emergentes”

4) As moedas de Turquia e Rússia ficaram em desvantagem, mas têm potencial para alcançar seus pares