E-commerce: Via e Magazine Luiza queimam caixa enquanto Americanas e Mercado Livre elevam poder de fogo
O Mercado Livre (MELI34) levantou US$ 1,6 bilhão em sua primeira oferta em mais de dois anos.
Com isso, a companhia argentina assumiu a liderança e agora tem o maior poder de fogo para disputar o concorrido e-commerce brasileiro, aponta o Credit Suisse em relatório enviado a clientes.
Em segundo lugar nessa corrida vem o Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) em terceiro e Via (VIIA3) em quarto.
Apesar disso, o banco suiço afirma que mesmo com alto volume captado pela argentina, tanto o Magalu quanto a Americanas não podem ser consideradas cartas fora do baralho.
“Elas ainda têm muito dinheiro, o que ajuda no crescimento da receita”, completam os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto.
Embora eles reconheçam a grande quantia levantada pelo Mercado Livre, isso não muda o cenário competitivo, “que permanecerá tão feroz quanto foi nos últimos anos”.
E-commerce de ouro
Segundo os analistas, apesar das empresas terem balanços positivos, sustentar o crescimento do e-commerce requer muito dinheiro.
“Não podemos ignorar que pode se tornar mais doloroso para Magalu, Americanas e Via buscarem recursos no mercado de capitais se os investidores continuarem penalizando as ações”, apontam.
Consumindo caixa
A dupla lembra que nos últimos meses o Magazine Luiza foi bem agressivo em seu consumo de caixa, realizando uma recompra de ações de R$ 1 bilhão, que, combinada com a piora nas margens no terceiro trimestre e a compra do KaBum, reduziu o poder de fogo para R$ 5,8 bilhões. No segundo trimestre, essa cifra estava em R$ 7,7 bilhões.
Saragiotto e Pinto alertam que a Via também teve mudanças significativas, dado o aumento inesperado nas provisões trabalhistas que provavelmente terão um impacto de longa duração.
“Consequentemente, vimos seu poder de fogo cair para R$ 600 milhões no terceiro trimestre, com uma tendência potencialmente negativa no futuro”, dizem.
A Americanas, por sua vez, conseguiu aumentar sua margem Ebitda para 11,8%, elevando seu poder de fogo para R$ 3 bilhões.
Cenário difícil
Os analistas dizem que o curto prazo continuará difícil para empresas do segmento devido ao crescimento fraco em canais físicos e composições rígidas.
Porém, o Credit Suisse prevê um ponto de inflexão para Magazine Luiza e Americanas em 2022, sustentado pela penetração do e-commerce.
“Em relação à Via, continuamos menos construtivos, visto que o aumento recente em provisões trabalhistas provavelmente exigirá muito dinheiro, que antes era esperado para ser investido em crescimento, o que ajuda a justificar nossa classificação de desempenho inferior”, completa.
Veja as recomendações do Credit Suisse:
Recomendação | Preço-alvo | Potencial | |
---|---|---|---|
Americanas | Outperfom | R$ 42 | 25% |
Magazine Luiza | Outperfom | R$ 15 | 61% |
Via | Underperform | R$ 5,5 | -4% |