Coluna da Fernanda Mansano

E agora, Ibovespa? Fed pode acelerar e elevar juros para 2% até julho; veja por quê

22 abr 2022, 16:54 - atualizado em 22 abr 2022, 17:13
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Homem da vez: discurso de Powell derrete Ibovespa e eleva dólar nesta sexta-feira (Imagem: Kevin Dietsch/Pool via Reuters/File Photo)

Em meio à última sinalização de política monetária dos EUA, as bolsas reagiram nesta sexta-feira (22) ao discurso de ontem de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em que pretende ser mais duro na condução da política monetária nas próximas reuniões, ou seja, esperam-se juros mais altos na economia americana para este ano, cenário que impacta negativamente ativos de risco assim como a valorização da moeda dos Estados Unidos frente aos seus pares.

Contudo, as preocupações de Powell sobre os impactos da inflação no crescimento da economia dos EUA vão em linha com que o mercado, em especial o de títulos americanos, vem precificando nas últimas semanas. Na quinta-feira (21), observamos a disparada para 2,97% dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, o que sinaliza um cenário de maior aversão ao risco no longo prazo.

Ademais, o índice Vix, conhecido como o índice do medo, chegou ao maior patamar no mês, corroborando o cenário de crescimento versus inflação.

Foco na ancoragem de expectativas de inflação

Assim, o cenário vai se concretizando para um aumento de meio ponto percentual na próxima reunião, que ocorre em maio. Porém, o meu cenário é que já está aberta a possibilidade de antecipar uma maior agressividade no ciclo de alta, com mais 75 bps para a reunião de junho, concretizando uma taxa de 2% com a reunião de julho, o que, em outras palavras, pode levar à ancoragem das expectativas de inflação, diminuindo as incertezas do mercado.

Por fim, os impactos de uma política mais dura para os juros da maior economia do mundo deverão ser refletidos na economia brasileira, em especial na divisa cambial. Na minha visão, o cenário leva a uma depreciação da moeda doméstica frente ao dólar até o fim de 2022, além dos impactos que as eleições podem trazer.

Deixando o meu ponto mais otimista, o processo de desinflação ainda é válido ao longo dos próximos meses, influenciado pela queda de preços dos alimentos e da energia elétrica, o que abre precedente para já um primeiro corte de juros da taxa básica de juros, a Selic, no último trimestre do ano.

Fernanda Mansano é mestre em economia com experiência de mais de 10 anos no mercado financeiro, passando por instituições financeiras e a bolsa de valores brasileira. Atualmente é economista-chefe na Empiricus.

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