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Dose dupla no risco do etanol, com PEC e Lula dizendo que fará o que Bolsonaro não conseguiu

07 fev 2022, 15:06 - atualizado em 07 fev 2022, 15:51
Petrobras
Preços dos combustíveis da estatal estão no centro de polêmica que pode afetar o etanol (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Não peça para o setor sucroenergético imaginar o cenário para 2023 caso seja aprovada a PEC dos combustíveis e se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar à presidência com intenção de intervir nos preços da Petrobras (PETR4).

Os prejuízos para o etanol hidratado serão muito elevados com a gasolina mais competitiva, que seria o resultado dos dois casos acima. E até com um apenas.

Com a Proposta de Emenda Constitucional – seja a do governo ou a “kamikaze” do Senado (que eleva a renúncia fiscal a R$ 100 bilhões) e apoiada pelo presidente da República -, se transfere o ônus para a União sobre os impostos que serão eliminados nos combustíveis, daí que o derivado de petróleo chegará ao consumidor menos carregado de taxas.

Lula, na semana passada, voltou a causar dizendo que não dolarizará os preços dos combustíveis.

Para o mercado, é mesmo que engessar o repasse dos reajustes do petróleo e fazer que sua sucessora, Dilma Rousseff, fez de 2011 a 2015, quando jogou o setor numa bancarrota sem igual, com dezenas de falências e recuperações judiciais de usinas, e prejuízos em toda a cadeia sob estimativas de R$ 40 bilhões.

Além do déficit de caixa da petroleira que somou US$ 100 bilhões, por baixo.

“Os dois [Bolsonaro e Lula] jogando para plateia é muito nocivo”, diz José Carlos de Lima Jr, sócio-diretor da consultoria Markestrat.

Lula não tem a caneta na mão, e mesmo que venha a tê-la, ganhando o pleito de 2022, não significa que consiga o que o presidente Bolsonaro não conseguiu depois de pressionar a estatal rotineiramente há dois anos, inclusive substituindo um presidente pelo atual, Joaquim Silva e Luna.

E também a PEC precisa de quatro votações nas duas casas do Congresso para ser aprovada.

Mas irradiam mais instabilidade em um cenário importante para o etanol, adverte o consultor e professor da USP, ao lembrar que o petróleo tem tudo para carimbar os US$ 100, oportunizando competitividade ao biocombustível desde que os preços das importações cheguem à gasolina.

Para Luiz Carlos Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e CEO da Canaplan, uma das principais consultorias da sucroenergia brasileira, um “desastre total principalmente porque já experimentamos desse veneno”.

Especificamente falando sobre a intenção manifestada pelo ex-presidente Lula, Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis (Abicom), não acredita que prospere caso se concretize sua candidatura e vitória este ano.

A Petrobras é uma estatal, com ações em bolsa, sem exclusividade na importação mais, e dificilmente a intenção passe do discurso campanha, explica ele.

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