Política

Doria diz que não quer impor candidatura a outros partidos, espera definição até fim de maio

22 mar 2022, 14:44 - atualizado em 22 mar 2022, 14:44
João Doria
“Nem eu quero impor, nem o nosso partido, o PSDB, vai impor. A imposição neste momento é o Brasil e os brasileiros”, garantiu (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta terça-feira que não buscará impor sua candidatura à Presidência da República na eleição de outubro a outras legendas com as quais o PSDB conversa e disse que até o final de maio haverá uma definição entre tucanos, Cidadania, MDB e União Brasil sobre um nome de consenso para a disputa ao Planalto.

Em entrevista a veículos de imprensa estrangeiros, Doria também disse que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro não tem participado dessas conversas e apontou que o pré-candidato do Podemos enfrenta “dificuldades” em sua postulação ao Planalto, ao mesmo tempo que disse que uma participação futura dele nessas conversas não pode ser descartada.

“Já há um pré-entendimento de que isso vai ocorrer até o final de maio. Até 31 de maio nós seguiremos nossas trilhas, a Simone Tebet, eu e eventualmente algum candidato do União Brasil”, disse Doria, se referindo à senadora pelo Mato Grosso do Sul que é pré-candidata ao Planalto pelo MDB. PSDB e Cidadania anunciaram recentemente que formarão uma federação partidária.

De acordo com Doria, que se desincompatibilizará do cargo de governador ao final deste mês para se dedicar à pré-campanha presidencial, será escolhido o pré-candidato “que tiver melhor condições competitivas” de enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno.

O tucano negou ainda que o fato de ter sido indicado pré-candidato pelo PSDB ao vencer as prévias realizadas pelo partido no final do ano passado o levarão a impor sua candidatura na discussão com os aliados.

“Nem eu quero impor, nem o nosso partido, o PSDB, vai impor. A imposição neste momento é o Brasil e os brasileiros”, garantiu.

Doria buscou ainda mostrar um certo distanciamento de Moro, que aparece melhor posicionado nas pesquisas, mas ainda muito distante de Lula e Bolsonaro.

O governador paulista apontou a rejeição que o ex-juiz tem “no mundo da política” e “dificuldades” que vem enfrentando, como por exemplo o episódio em que o deputado estadual paulista Arthur do Val, até então correligionário e aliado de Moro, fez comentários machistas em um áudio vazado sobre refugiadas ucranianas.

“Neste momento não há conversas iniciadas com o Podemos”, disse Doria. “Eu dialogo bem com o Moro, tenho uma boa relação com o ex-ministro Sergio Moro. O mundo da política não gosta de Sergio Moro… o mundo jurídico também quer distância”, afirmou.

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Pesquisas e estratégia

Com apenas 2% da preferência do eleitorado de acordo com as pesquisas, Doria buscou minimizar os dados dessas sondagens, apontando-os como um “retrato momentâneo” e afirmando que a alta taxa de rejeição a seu nome apontada por esses levantamentos se deve às medidas de restrição que adotou durante a pandemia de Covid-19 no Estado de São Paulo.

Sem mencionar diretamente resistências a ele dentro do PSDB –uma ala do partido ainda trabalha para lançar ao Planalto o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado por Doria nas prévias– o governador paulista reconheceu que há posições divergentes dentro da sigla, que isso “às vezes magoa, machuca”, mas disse ser parte da democracia e de um “partido que não tem dono”.

O tucano disse que, logo após deixar o governo paulista, começará a viajar pelo país e iniciará a pré-campanha pelo Nordeste, mais especificamente na Bahia, onde terá um encontro com o ex-prefeito ACM Neto, do União Brasil, que o criticou recentemente chegando a descartar a possibilidade de uma aliança futura.

Doria também voltou a se colocar –“modéstia à parte”, como disse–, como responsável por trazer a vacina contra Covid-19 ao Brasil e a disparar contra os dois principais adversários no pleito.

Classificou uma disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro –cenário mais provável segundo as pesquisas– como “desastre” e “pesadelo”. E, ao mirar em Lula, disparou também contra seu ex-padrinho político e aliado Geraldo Alckmin, que filiou-se ao PSB e deve ser candidato a vice do petista.

“Eu jamais aceitaria ser candidato a vice-presidente de um corrupto”, disse. “É um desrespeito à trajetória de Geraldo Alckmin”, acrescentou.