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Dono de US$ 3 bi em imóveis em São Francisco atrai protestos de ativistas

26 out 2019, 19:00 - atualizado em 25 out 2019, 19:14
(Imagem: Sophie Alexander/Bloomberg)

Quando Yat-Pang Au fundou a Veritas Investments em São Francisco, em 2007, Facebook e Twitter ainda engatinhavam e Lyft e Uber eram apenas ideias.

A cidade estava à beira de outra arrancada tecnológica, atraindo empreendedores e dinheiro de toda parte dos EUA. Au aproveitou a onda e se tornou um dos maiores proprietários de imóveis residenciais para locação na região.

Nos últimos 12 anos, a Veritas fez parcerias com firmas de investimento como Baupost Group e Ivanhoe Cambridge e adquiriu 265 edifícios avaliados em mais de US$ 3 bilhões.

A empresa também atraiu a ira de ativistas e dezenas de inquilinos, que alegam que seu objetivo é expulsar quem paga aluguéis controlados a fim de trazer jovens abastados do setor de tecnologia, que colaboraram para transformar a cidade e também para torná-la inacessível a quem não pode pagar.

“Eles realmente estão tentando desmontar o mecanismo de aluguéis controlados em São Francisco”, acusou Greg Pennington, 62 anos, que vive há mais de quatro décadas em um apartamento perto do bairro Tenderloin. Ele estava entre as mais de 200 pessoas que protestaram em frente ao escritório da Veritas no mês passado, segurando cartazes e gritando: “Habitação é um direito humano!”

Tais confrontos são comuns em cidades como São Francisco e Nova York, onde a demanda por moradias populares é bem maior que a oferta e a atividade econômica atrai um fluxo constante de novos residentes. Na baía de São Francisco, a situação é exacerbada por regulamentos que limitam construções, mesmo com a alta de preços dos imóveis existentes.

Para o diretor de estratégia e portfólio, Justin Sato, a Veritas se tornou alvo principal de protestos por causa de seu tamanho.

“Isso não é necessariamente um problema da Veritas”, disse Sato. “É uma narrativa sobre São Francisco, mecanismo de aluguel controlado, acessibilidades de preços.”

Au, 50 anos, não quis fazer comentários para a reportagem. Ele passou a infância em San Jose e Los Gatos com três irmãos mais novos.

Seu pai abriu uma empresa de sistemas de segurança e alarme e a mãe investia o dinheiro que sobrava em apartamentos. Ele reparava as lavadoras de roupas movidas a moedas que ficavam nos prédios da família e fez suas primeiras transações em 1996, quando comprou sete unidades em um condomínio.

Ele fundou a Veritas uma década depois e agora seu patrimônio ultrapassa US$ 100 milhões, segundo estimativas da Bloomberg. Juliana Bunim, porta-voz da empresa, não quis comentar sobre a fortuna de Au.

Uma das primeiras grandes carteiras da Veritas surgiu dos destroços da Lembi Group, firma de investimento imobiliário de São Francisco que teve várias propriedades executadas por credores durante a crise financeira de 2008. A Lembi tentava maximizar o valor dos apartamentos de aluguel controlado nos quais investia, frequentemente com ações de despejo e aquisições.

Um processo municipal de 2006 acusou funcionários da empresa de se passarem por agentes da lei, entrando uniformizados e armados nas residências, exigindo documentos de imigração dos moradores, além de outras situações de assédio de inquilinos. O processo foi encerrado em 2011, quando a controladora imobiliária concordou em pagar até US$ 10 milhões em multas sem admitir qualquer transgressão.

Para ativistas de direitos a habitação, a Veritas não faz despejos em série, mas usa métodos mais sutis para forçar a saída de inquilinos com contratos de aluguel controlado, como obras incômodas e uso de passagens, que permitem aos proprietários aumentar os aluguéis para cobrir custos de manutenção.

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