Donald Trump assusta mais Wall Street do que a B3

Volatilidade das ações americanas aumentou mais que a das brasileiras após eleição de Trump e isso criou oportunidades para o investidor. (Foto: REUTERS/Carlos Barria; Montagem: Money Times)

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A vitória de Donald Trump nas urnas foi confirmada no dia 5 de novembro do ano passado. Desde então, a volatilidade dos mercados acionários ao redor do mundo aumentou e há boas razões para isso. Trump se elegeu com uma plataforma econômica revolucionária, prometendo combater a imigração e proteger a indústria americana, e aplicar tarifas sobre os países que não estiverem ao seu lado.

Com essa forma de governar, esperam-se fortes oscilações nas bolsas dos países que têm relações comerciais intensas com os Estados Unidos — ou seja, praticamente todos, além das próprias bolsas americanas. Como o mercado antecipa as decisões, isso já aumentou a volatilidade das ações. E o impacto sobre a bolsa americana deve ser mais intenso do que no Brasil.

Um levantamento da Elos Ayta mostra que a mediana da volatilidade diária do Ibovespa (IBOV) desde o dia 5 de novembro do ano passado é de 12,48. A mediana da volatilidade do índice americano S&P 500 é levemente superior, 12,59. Isso mostra que as oscilações são maiores em Wall Street do que na B3.

Essa diferença se acentuou após a posse de Trump. No geral, os mercados ficaram mais voláteis a partir de 20 de janeiro, dia da posse do novo presidente. A volatilidade do Ibovespa subiu para 12,91 e a do S&P 500 avançou para 13,28.

Volatilidade ampliada com Trump

Um dos princípios do mercado é que ações mais voláteis – ou seja, mais arriscadas – oferecem oportunidades de ganho melhores. A pesquisa da Elos Ayta comparou o desempenho de 40 ações do S&P: as 20 mais voláteis e as 20 menos voláteis.

A diferença de volatilidade é muito grande. Em 12 meses, a mediana da volatilidade das 20 ações mais estáveis é de 15,73. Já a mediana da volatilidade das 20 ações mais voláteis é quase quatro vezes maior, 60,11. É possível dizer, embora essa afirmação não seja totalmente correta em termos matemáticos, que investir em uma das 20 ações mais voláteis é quatro vezes mais arriscado do que investir em uma das 20 menos voláteis.

Por quê? A volatilidade oferece uma medida de previsibilidade. Ao analisar a volatilidade, é possível prever, com um grau de precisão razoável, a intensidade e a frequência das variações esperadas no preço de um ativo ao longo do tempo. Isso é útil para avaliar tanto o potencial de retorno quanto o grau de risco de um investimento. Por isso, a volatilidade é um indicador importante para o investidor escolher uma determinada ação com base em seus objetivos e na sua tolerância ao risco.

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Vamos supor uma ação de uma empresa cujos resultados são influenciados pela mudança nas tarifas comerciais. No início dos negócios ela está cotada a US$ 50. De manhã, saem notícias de que ela será menos afetada do que se esperava. A cotação avança para US$ 60. Porém, à tarde, fica claro que o impacto será negativo e mais intenso do que se esperava. As cotações recuam para US$ 45. Essas variações rápidas são provocadas pela incerteza dos investidores.

Investimentos mais voláteis tendem a ter maiores oscilações, o que significa mais risco, mas também maior potencial de retorno. Ao inserir a volatilidade dos ativos em sua estratégia de investimentos, o investidor pode montar uma carteira alinhada à sua tolerância ao risco.

Mais risco, mais retorno

A análise das ações comprova essa diferença. No caso das 20 ações menos voláteis, as rentabilidades acumuladas até o dia 31 de janeiro oscilaram de uma perda de 6,92% a um ganho de 8,11%.

No caso das 20 ações mais voláteis, o maior prejuízo foi de 10,59%, ao passo que o maior ganho foi de 34,09%.

Perdas nunca são agradáveis. É preferível uma perda de 6,92% a uma perda de 10,59%. No entanto – e esse é o ponto importante – o maior ganho das ações mais voláteis (34,09%) foi mais de quatro vezes superior ao maior ganho das ações menos voláteis (8,11%).

Esse resultado tem de ser olhado com alguns cuidados. Uma piada entre economistas é que há poucas tarefas mais fáceis do que prever o passado. Porém, o paradoxo é que a relação entre risco e retorno definida pela volatilidade tende a ser razoavelmente previsível.

A lista de ações mais ou menos voláteis se altera bastante ao longo do tempo. No entanto, sempre é possível afirmar que as mais voláteis oferecem uma probabilidade de ganho maior.