Domínio do Google em buscas empurra empresas para zonas mortas
“Onde é o melhor lugar para esconder um cadáver? A segunda página de uma pesquisa no Google.” A piada mostra que as pessoas raramente olham além dos primeiros resultados de uma pesquisa, mas Lee Griffin não acha isso engraçado.
Nos 13 anos desde que cofundou o site britânico de comparação de preços GoCompare, Griffin, 41 anos, tenta manter sua empresa no topo dos resultados de pesquisa fazendo de tudo, desde o uso de um guia “para dummies” no começo até a contratação de uma equipe de engenheiros, profissionais de marketing e matemáticos.
Isso o colocou na linha de frente de uma batalha contra o domínio do Google, da Alphabet, no mercado de buscas – com reguladores nos EUA e em toda a Europa acompanhando de perto.
A maioria das vendas da GoCompare, que ajuda clientes a encontrar boas ofertas de vários produtos – como carros, seguro de viagem e planos de energia, por exemplo -, provém das pesquisas do Google. Por isso, aparecer nos resultados é fundamental.
Com o Google – cuja participação no mercado de buscas é superior a 80% – alterando frequentemente seus algoritmos, a compra de anúncios se tornou a única maneira de garantir o primeiro lugar em uma página.
Empresas como a GoCompare precisam superar os concorrentes com espaços pagos mesmo quando os clientes pesquisam o nome da marca.
“O Google se posicionou com o objetivo de servir informações ao mundo”, disse Griffin em entrevista no escritório da empresa em Newport, País de Gales. “Mas, na verdade, o que está fazendo é mostrar informações que as pessoas pagaram para mostrar a você.”
Domínio do mercado
A GoCompare está longe de ser a única a sofrer com o domínio do Google no mercado de buscas. No mês passado, John Lewis, um varejista britânico sofisticado, aludiu ao aumento dos custos para melhorar sua posição nos resultados do Google.
Nos EUA, a IAC/InterActive, proprietária do aplicativo de paquera Tinder, e a empresa de transportes Lyft sinalizaram o estrangulamento do mercado pelo Google.
As queixas levaram a agência antitruste do Reino Unido a avaliar as plataformas on-line e publicidade digital em julho, com o objetivo de examinar o poder de mercado de empresas como o Google sobre o marketing na Internet.
A União Europeia vem tentando reduzir o domínio do Google e multou a empresa em 1,5 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão) este ano por esmagar seus rivais em publicidade. Nos EUA, há um coro crescente de vozes de esquerda e de direita exigindo que o Google tenha menos controle sobre o mercado.
O Google defende seu sistema, afirmando que, “para oferecer mais opções ao pesquisar produtos ou serviços, permitimos que os concorrentes façam lances em termos de marcas registradas.
No entanto, queremos equilibrar o interesse de consumidores e anunciantes, por isso permitimos que as empresas registrem um pedido de marca registrada e impedimos que os concorrentes usem o nome da empresa no texto do anúncio real”.