Dolce & Gabbana não usará mais peles de animais: sustentabilidade ou reparação de imagem?
A marca italiana de grife criada pelos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana é reconhecida pelas suas controvérsias e polêmicas na mídia.
Na última segunda-feira (31), a marca anunciou que não usará mais peles de animais em suas coleções, tornando-se uma empresa fur free, ou seja, livre de pele.
O movimento de não utilização de peles de animais está sendo adotado por diversas marcas de grife, como Chanel, Versace, Valentino, Prada, entre outras, entretanto, não é um movimento tão recente assim.
Desde que a estilista Stella McCartney lançou sua marca em 2001 – há mais de 2 décadas –, recusou-se a utilizar couro de animais em suas roupas, sendo pioneira nesse movimento.
Ao longo dos últimos anos, as marcas têm realizado ações como essa visando prezar pela sustentabilidade, tendo chegado o momento da Dolce & Gabbana. A grife afirmou que usará uma pele ecológica, ou seja, sintética e que utiliza materiais reciclados e recicláveis.
Entretanto, em meio a muitas turbulências, a ação é uma genuína preocupação com a sustentabilidade ou ação de reparação de imagem?
Ações de marketing negativas para a marca
As ações de marketing de uma marca são decisivas para como serão vistas perante o público, por isso, cada vez mais é preciso se posicionar considerando causas sociais, questões de gênero, sustentabilidade, entre outros.
Neste cenário, a Dolce & Gabbana se destaca como uma marca controversa, tendo ao longo de sua história passado por acusações de xenofobia devido à uma ação de marketing onde uma modelo chinesa, vestida com trajes típicos, tentava comer pratos italianos, como pizza e espaguete, utilizando hashis em vez de garfo e faca.
A ação não deu certo, visto que a modelo não conseguiu e a cena foi considerada desagradável de assistir pelo público.
Além disso, a defesa dos grandes nomes da marca sobre a “família tradicional”, ao criticar métodos de casais homo afetivos terem filhos, repercutiu de forma muito negativa, gerando um boicote à marca.
Estes são exemplos de como as ações e posicionamentos da marca e de quem a representa podem impactar em como ela é percebida e aceita pelo público.
As mudanças provocadas pela geração Z
A chamada geração Z é composta pelos nascidos entre meados dos anos 1990 até o início do ano 2010. Esta é a geração do mundo digital, das informações transitando constantemente pela internet e que cobra muito das marcas posicionamentos.
Isso porque, de acordo com uma pesquisa da Delloite, a proteção do meio ambiente é uma prioridade para a geração Z, bem como o mundo em que viverão no futuro. Devido a isto, esta é uma geração que busca por marcas que prezam pela sustentabilidade e estão, inclusive, dispostas a pagar mais por isso.
Dessa forma, a ação da Dolce & Gabbana traz sim impactos positivos para a sustentabilidade, visto que ser fur free é positivo para a fauna, contudo, é também um reposicionamento da marca frente à pauta de sustentabilidade que ganha cada vez mais força e que, se for ignorada, tende a trazer uma imagem ainda mais negativa para a grife.