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Dólar zera queda e ronda estabilidade com incertezas locais

06 jul 2020, 13:57 - atualizado em 06 jul 2020, 13:57
Dolar
Às 13:29, o dólar avançava 0,09%, a 5,3251 reais na venda (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

O dólar zerou a queda e passava rondar a estabilidade ante o real nesta segunda-feira, com a moeda brasileira mantendo o padrão de volatilidade que tem marcado as últimas semanas.

A instabilidade é associada à perspectiva ainda nublada para a economia. Apesar de alguma estabilização nas estimativas para a contração da atividade neste ano, o receio de surpresas negativas em meio à pandemia ainda em curso no país mantém investidores na defensiva, o que aumenta o vaivém dos preços e reduz a atratividade do real.

Além disso, operadores voltaram a citar o trade “compra de bolsa/compra de dólar” que deu a tônica em vários meses recentemente, já que o hedge via câmbio está mais barato com a Selic nas mínimas históricas. O Ibovespa (IBOV) superou os 99 mil pontos nesta sessão.

Às 13:29, o dólar avançava 0,09%, a 5,3251 reais na venda. Na mínima, a cotação caiu 1,09%, a 5,2626 reais.

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro subia 0,14%, a 5,3290 reais, após cair a 5,2685 reais na mínima da sessão.

A volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses –uma medida do grau de incerteza associado à taxa de câmbio– seguia bem acima dos patamares vistos em outros pares emergentes.

A perspectiva sombria para a economia foi exposta pela pesquisa Focus do Banco Central, cuja mais recente atualização divulgada nesta manhã mostrou estimativa de contração de 6,50% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Contudo, houve ligeira melhora em relação à taxa de -6,54% da semana passada. O mercado espera dólar de 5,20 reais ao fim de 2020, pela mediana das projeções.

“Alguns elementos sugerem que o Brasil pode estar embarcando em um processo prematuro de abertura, aumentando os riscos de que o controle do surto de Covid-19 acabe demorando mais tempo. Isso implica riscos de queda para nossas previsões fiscais/de crescimento”, disseram analistas do Citi em nota.

Na semana passada, o Itaú Unibanco piorou a estimativa para os déficits primários no Brasil em 2020 e 2021, citando despesas com auxílio emergencial neste ano e aumento de gastos sociais no ano que vem. O Itaú vê o dólar a 5,75 reais ao fim de 2020.

o Itaú Unibanco piorou a estimativa para os déficits primários citando despesas com auxílio emergencial (Imagem: Flick/Senado/ Leonardo Sá/)

Em nota, o Goldman Sachs disse que o cenário para a economia na América Latina segue turvo e, ao falar sobre o Brasil, cita riscos políticos e fiscal. Na região, o banco norte-americano está “bullish” (otimista) com o peso mexicano e não listou o real.

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar sobre o combo juro baixo/câmbio desvalorizado como nova realidade para a economia brasileira.

O real não conseguia nesta sessão aproveitar a valorização de ativos de risco, embalados por otimismo com a economia chinesa. O índice do dólar ante uma cesta de moedas caía 0,4%, enquanto a moeda dos EUA cedia 0,5% ante peso mexicano e dólar australiano, moedas que, assim como o real, costumam se beneficiar de dias positivos nos mercados globais.

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