Dólar volta aos patamares pré-pandemia de covid; entenda
Um gráfico chamou a atenção do mercado financeiro no fim da semana passada. Ele aponta que o real, em relação ao dólar à vista, voltou aos níveis pré-pandemia de covid-19, iniciada oficialmente em março de 2020.
A moeda local está há quase dois meses oscilando na faixa dos R$ 5. Porém, entrou em março daquele ano na casa dos R$ 4,40. O que explica esse “real no nível pré-pandemia”?
Real está mesmo nos níveis pré-pandemia?
O diretor da tesouraria de um banco estrangeiro avalia que a moeda local “voltou ao nível pré-covid ajustado pelo carrego no período”. Segundo o profissional, os fluxos de capital estrangeiro e investidores globais estão sempre em busca de oportunidades e, aparentemente, planejam aumentar as apostas nos mercados de países emergentes.
“Como um abrigo à medida que o risco de crescimento atinge as economias desenvolvidas. E o Brasil, em termos relativos, não parece tão ruim e por isso, tem superado”, diz.
O executivo avalia que, dependendo das métricas, o dólar ante o real voltou ao nível de 2018 ou de 2020. Segundo ele, no fim, o ‘risco fiscal’ teve impacto zero na moeda doméstica.
Entretanto, dois fatores pesaram para uma melhora do real nas últimas semanas, sendo o nível da taxa de juros e o próprio desempenho do global dólar.
Sendo assim, o diretor do banco estrangeiro elaborou um gráfico em que mostra uma evolução do real ajustado pelo diferencial de juros entre os países, o chamado “carry trade”.
“A conclusão é bastante clara: o dólar em relação ao real voltou ao patamar de janeiro de 2020. Ou seja, todo mundo que decidiu mandar seu dinheiro para longe está agora na zona vermelha, perdendo dinheiro. Em alguns casos, perdendo 15%”, observa.
Tendência de dólar depreciado contra o real
Na análise da XP, o dólar deverá seguir depreciado frente ao real até o fim deste ano. Segundo os economistas da casa Alexandre Maluf e Rodolfo Margato, as condições econômicas globais trouxeram um viés de apreciação à moeda doméstica.
“A divisa americana deve continuar se enfraquecendo, como reflexo do provável fim do aperto monetário do Federal Reserve [Fed, o banco central norte-americano] e uma recessão iminente nos Estados Unidos“, comentam.
A equipe da XP diz ainda que a expectativa é de que os preços das commodities se estabilizem, após a correção baixista observada nas últimas semanas. “Principalmente para produtos agrícolas”, dizem, acrescentando que o cenário será favorecido pela entrada líquida significativa de Investimento Direto no País (IDP).
Entretanto, Maluf e Margato chamam a atenção para as incertezas sobre a condução da política econômica. “Embora o ‘novo arcabouço fiscal’ permita alguma redução nos prêmios de risco”, avaliam.
Com isso, a XP ajustou a projeção de câmbio para R$ 5,00 ao fim de 2023 e para R$ 5,15 ao fim de 2024, ante estimativas anteriores de R$ 5,30 e de R$ 5,40, respectivamente.
Além disso, os economistas projetam câmbio médio de R$ 4,95 este ano e de R$ 5,05 no próximo ano.