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Dólar volta a disparar e bate recorde; veja cotação

12 jun 2024, 18:19 - atualizado em 12 jun 2024, 21:28
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O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4036 reais na venda, em alta de 0,82%. Este é o maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar à vista superou a barreira dos 5,40 reais nesta quarta-feira, em meio aos receios do mercado em relação ao equilíbrio fiscal brasileiro e após a moeda norte-americana recuperar um pouco da força no exterior ante divisas fortes, na esteira da decisão de política monetária do Federal Reserve que apontou para apenas um corte de juros nos EUA em 2024.

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O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4036 reais na venda, em alta de 0,82%. Este é o maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou em 5,4513 reais. Desde aquela data — um dos primeiros dias do governo Lula — o dólar não encerrava acima dos 5,40 reais.

Em junho, a moeda acumula elevação de 2,91%.

Às 17h57, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,74%, a 5,4200 reais na venda.

Após as fortes altas dos últimos dias, o dólar chegou a oscilar no território negativo ante o real no início do dia, influenciado pela queda firme da moeda norte-americana no exterior após a divulgação de dados favoráveis da inflação dos EUA.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou inalterado em maio, após ter subido 0,3% em abril. Nos 12 meses até maio, o indicador avançou 3,3%, ante 3,4% em abril. Economistas consultados pela Reuters projetavam alta mensal de 0,1% e anual de 3,4%.

Os números foram bem-recebidos pelo mercado, que elevou as apostas naquele momento de que o Fed fará dois cortes de juros em 2024, com o primeiro ocorrendo até setembro. Isso tirou a força do dólar ante várias divisas globais. No Brasil, a moeda à vista marcou a cotação mínima de 5,3368 reais (-0,43%) às 10h04, já após o CPI.

Mas o cenário brasileiro mudou completamente antes das 11h, em meio ao desconforto do mercado com a situação fiscal. Na terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), havia anunciado a decisão de devolver ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins que restringiram a compensação de créditos do tributo.

A decisão de Pacheco foi vista como uma derrota para o governo e, em especial, para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que buscava com a MP cobrir perdas de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento. A expectativa era de que a MP fosse gerar aumento de 29 bilhões na arrecadação em 2024.

Nas mesas de operação, o mal-estar em torno da situação fiscal brasileira foi reforçado pela manhã por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Rio de Janeiro.

Segundo ele, o aumento da arrecadação do governo federal e a queda na taxa de juros permitirão uma redução do déficit nas contas governamentais sem impactar os investimentos públicos.

“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, disse.

O fato de Lula vincular a redução do déficit ao aumento da arrecadação — e não a cortes de despesas – foi mal-recebido por parte do mercado. Além disso, circulava nas mesas avaliações de que Haddad, em função das derrotas políticas recentes, estaria enfraquecido.

Neste cenário, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) dispararam e o dólar à vista renovou máximas ante o real. No pico da sessão, às 10h57, a moeda foi cotada a 5,4303 reais (+1,32%). O movimento ocorreu a despeito de, no exterior, o dólar seguir em queda.

“O mercado esperava que os dados (de inflação nos EUA) melhorassem para ter um respiro por aqui e interromper a valorização do dólar. Mas a questão fiscal abafou os dados bons de inflação lá de fora”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

“Quando surge essa oportunidade, com dados bons de inflação, acabamos errando na questão fiscal”, acrescentou.

No início da tarde, o dólar reduziu os ganhos no Brasil, retornando para abaixo dos 5,40 reais, mas a decisão do Fed deu novo impulso às cotações.

Apesar de ter mantido a taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, o Fed indicou que vê apenas um corte de juros em 2024 — e não dois cortes como vinha sendo precificado na curva norte-americana. Além disso, a instituição citou “avanços modestos” em direção à meta de inflação de 2%.

Em sua fala após a decisão, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que os membros da instituição ainda não ganharam maior confiança na inflação que permitisse um corte.

Após a decisão do Fed e com os comentários de Powell, o dólar retomou parte da força ante uma cesta de moedas fortes no exterior, apesar de permanecer no negativo, e voltou a acelerar os ganhos ante o real.

Em comentário enviado a clientes, o analista da Nova Futura Investimentos Marcos Duarte afirmou que a oscilação do dólar entre a mínima e a máxima desta quarta-feira foi um movimento “extremamente amplo” para um único dia de negociação.

Segundo ele, em meio ao nervosismo dos investidores, principalmente o estrangeiro “continua vendendo o mercado de ações e realizando lucros e comprando dólar”.

No exterior, às 17h34 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,50%, a 104,730.

reuters@moneytimes.com.br