Dólar vai cair mais? Moeda norte-americana atinge mínima a R$ 5,38 após Copom
Após sete cortes consecutivos, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de quedas e manteve a Selic a 10,50% ao ano.
Nesta quinta-feira (20), a reação à decisão de política monetária no câmbio foi imediata. O dólar iniciou a sessão com queda de 1%, a R$ 4,3872, na mínima intradia.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4407, atingindo a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023.
O alívio na cotação da divisa norte-americana ante o real deve-se à decisão unânime entre diretores do Banco Central em manter a taxa básica de juros, o que reforçou o compromisso da autoridade monetária com a meta de inflação, na visão dos analistas.
Com isso, os prêmios de risco — que aumentaram depois da clara divisão entre os membros do Comitê na reunião de maio — devem sofrer “alguma descompressão” daqui para frente.
“O mercado deve pedir menores prêmios na curva de juros, uma vez que um dos riscos para a decisão desta quarta-feira (19) era uma percepção de leniência dos novos diretores. Isso deve contribuir para queda das taxas de juros e do câmbio. E esse alívio nos juros e no câmbio”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Além disso, a decisão unânime deverá aliviar as preocupações dos investidores sobre o compromisso do Banco Central em controlar a inflação e reancorar as expectativas, na visão do analista de renda fixa da Julius Baer, Eirini Tsekeridou.
“Agora o foco dos ativos brasileiros muda para as preocupações fiscais”, diz.
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Mas o que deve acontecer com o dólar daqui para frente?
A despeito do cenário fiscal, a expectativa é de que o movimento de valorização do real continue.
Na pesquisa pós-Copom realizada pela corretora de investimentos BGC Liquidez, 87% dos respondentes acreditam que a moeda brasileira deve se valorizar após a decisão do Copom. A pesquisa contou com a participação de 49 pessoas entre gestores e traders.
Isso porque o alívio no dólar ainda podia ser visto pela ótica de que uma Selic mais alta no Brasil torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade“, em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.
Hoje, o desempenho do dólar segue na contramão do exterior. O indicador DXY, que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis divisas globais fortes como euro e libra, opera em alta de 0,18%, aos 105,447 pontos.
O movimento também é visto em moedas de países emergentes, com destaque para a alta de 0,83% ante o rand sul-africano.
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