Dólar vai a R$ 5,28 com Haddad confirmado na Fazenda; Mercado aguarda escalação da economia
O dólar à vista disparou a R$ 5,28 frente ao real após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmar, há pouco, que seu ministro da Fazenda – como será rebatizado o atual Ministério da Economia -, será Fernando Haddad.
O ex-ministro da Educação nos dois primeiros governos de Lula e ex-prefeito de São Paulo é ventilado como titular da pasta desde 7 de novembro. Naquele dia, uma lista com possíveis nomes de ministros do governo do PT vazou nas mesas de operações e gerou um forte estresse no mercado financeiro.
Por volta das 11h45 (de Brasília), a moeda norte-americana operava em alta de 0,29%, cotada a R$ 5,24 para venda. O contrato futuro com vencimento em janeiro subia 0,1%, a R$ 5,26.
O analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, avalia que a escolha de Haddad reflete a preferência de Lula por um político do PT alinhado às suas ideologias para a economia. “Será alguém que, possivelmente, não discordará muito dos planos do presidente eleito para a área”, diz.
Dólar já vem precificando Haddad na Fazenda
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, comenta que o nome de Haddad na Fazenda não é novidade e, com isso, o mercado já “estava calejado” para essa confirmação. Tanto que a notícia já vem sendo precificada no dólar, diz.
“Desde que o Haddad participou de um evento na Febraban, ele já tinha postura de ministro e o mercado cogitava o nome dele. Por isso, não é novidade esse anúncio”, diz.
A economista comenta que o dólar abriu o pregão mais forte acompanhando o exterior. Lá fora, começa o movimento de espera pela última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na semana que vem.
Técnico confirmado; à espera pela escalação completa
Além de Haddad, Lula anunciou que Rui Costa será o ministro-chefe da Casa Civil; Flávio Dino assumirá o Ministério da Justiça, enquanto José Múcio será ministro da Defesa e Mauro Vieira foi confirmado para o Ministério das Relações Exteriores.
O presidente eleito disse que anunciará novos nomes na semana que vem e adiantou que o perfil do Ministério do Planejamento será um ministro afinado com a Fazenda.
Abdelmalack reforça que, agora, é aguardar como Haddad irá estruturar a equipe econômica.
“Ainda que ele estruture o time com nomes técnicos, haverá dúvidas de como ele conduzirá a política econômica. Se realmente será com base na tecnicidade ou no ‘politiquês’. É o que será monitorado ao longo do primeiro semestre de 2023”, avalia.
“O mercado teme que a gestão de Haddad seja marcada pela extensão de gastos públicos e por uma elevação da dívida pública da União. Querendo ou não, esperava-se a possibilidade de um nome mais alinhado à ideologia liberal”, acrescenta.