Dólar vai à máxima desde fim de junho com exterior e fecha a R$ 5,46
O dólar começou a semana em alta ante o real, na quarta valorização diária consecutiva e na máxima desde o fim de junho, puxado por um dia de moeda norte-americana fortalecida no exterior em meio a tensões EUA-China.
O dólar à vista subiu 0,97% nesta segunda-feira, a 5,4649 reais na venda, maior patamar desde 26 de junho (5,4652 reais).
Em quatro sessões seguidas de ganhos, o dólar avançou 3,43%. A série de altas é a mais longa desde os cinco pregões de apreciação entre 12 e 18 de junho.
O dólar sobe 4,72% em julho e salta 36,18% em 2020.
Na B3 (B3SA3), o dólar futuro tinha alta de 0,43% nesta segunda-feira, a 5,4680 reais, às 17h02.
No exterior, moedas emergentes pares do real –como peso mexicano, lira turca, rand sul-africano, peso chileno e peso colombiano– depreciavam.
“Há muito foco na Turquia no momento, mas a realidade é que a pressão de depreciação tem crescido em todo o mundo emergente nas últimas duas semanas”, disse Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), lembrando desvalorizações do real, da lira turca (que sofreu liquidação recentemente) e do rand sul-africano.
O dólar subiu ante o real nesta segunda na véspera de o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgar a ata da reunião da semana passada, quando o juro básico foi reduzido a nova mínima recorde de 2,00% ao ano e o Banco Central deixou a porta aberta para nova distensão monetária.
Na sexta, o dólar saltou 1,30%, movimento que, para o Scotiabank, esteve relacionado a uma leitura fraca do IPCA de julho. “(O dado) remove pelo menos um impedimento para novo corte da Selic em setembro que reduziria ainda mais as diferenças de taxas entre o Brasil e os Estados Unidos, já em mínimas recordes”, disseram Brett House e Tania Escobedo Jacob em relatório no qual preveem nova redução de 0,25 ponto percentual da Selic em setembro, para 1,75% ao ano.
A redução sucessiva da taxa básica de juros a mínimas históricas afetou o mercado de câmbio ao pressionar rendimentos brasileiros atrelados à Selic, tornando o Brasil menos atrativo para o investidor estrangeiro quando comparado a pares emergentes com mesmo nível de risco e retorno mais alto.
Somando-se aos ventos contrários ao real, os profissionais do Scotiabank lembram “crescentes” preocupações sobre deterioração da postura fiscal do Brasil, pressão por mudanças no teto de gastos e possíveis atrasos na realização de uma reforma fiscal mais ampla.