Mercados

Real tem pior desempenho no mundo com investidor receoso sobre medidas fiscais

07 jun 2022, 17:23 - atualizado em 07 jun 2022, 18:19
Dólar
A moeda perdeu um pouco de força e se acomodou em patamares mais baixos, também seguindo a melhora de humor nos mercados externos  (Imagem: Unsplash/Vladimir Solomianyi)

O dólar (USDBLR) teve a alta mais forte em um mês e fechou num pico em mais de duas semanas contra o real nesta terça-feira, dia de forte instabilidade nas praças domésticas em meio ao recrudescimento de temores fiscais após propostas do governo para zerar imposto visando baixar os preços dos combustíveis.

“O fiscal voltou a pegar. O real desvalorizou bastante e a curva longa de juros, que está negativamente inclinada, voltou bastante”, resumiu Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank, chamando atenção ainda para a forte queda no cupom cambial (taxa de juros em dólar), que seria uma evidência de zeragem de posições vendidas na moeda norte-americana no mercado futuro da B3.

No pior momento, ainda pela manhã, o dólar interbancário foi a 4,9354 reais, disparada de 2,91%. À tarde, a moeda perdeu um pouco de força e se acomodou em patamares mais baixos, também seguindo a melhora de humor nos mercados externos.

Ainda assim, no fechamento o dólar à vista saltou 1,63%, a 4,8741 reais.

A valorização é a mais expressiva desde 5 de maio passado (+2,34%), e o patamar de encerramento é o mais elevado desde o último dia 19 (4,9194 reais).

A valorização é a mais expressiva desde 5 de maio passado (+2,34%) (Imagem Unsplash)

Na B3 (B3SA3), às 17h48 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,47%, a 4,9025 reais.

O volume de negócios era robusto, com mais de 322 mil ativos já negociados, 21% acima da média de um mês.

O real amargou o pior desempenho entre as principais moedas globais, com lira turca (-1%) na sequência, mas a uma distância relevante da divisa brasileira.

Os mercados de câmbio e juros foram os que capturaram mais a forte desconfiança de investidores com propostas do governo para tentar conter os preços dos combustíveis e que envolvem aumento de despesas fora da regra do teto de gastos e corte de tributos.

As mais variadas medidas de risco pioraram. A volatilidade implícita nas opções de taxa de câmbio para seis meses, que incluem o período eleitoral, saltou de 19,97% para 20,775% na máxima.

Na renda fixa, a inclinação da curva de taxas de DI entre janeiro 2027 e janeiro 2023 subiu ao maior valor desde março.

No mercado secundário, as NTN-B para agosto de 2022 trocaram de mãos com prêmio de 300 pontos-base nas taxas reais de juros, um spread muito alto, sobretudo considerando que o contrato vence em cerca de dois meses.

Na noite de segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que o governo está disposto a zerar impostos federais cobrados sobre gasolina, gás, etanol e diesel, em troca de uma redução da carga cobrada pelos Estados, que seriam ressarcidos pelo governo federal.

Acompanhando o presidente no anúncio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os valores serão limitados ao montante de uma arrecadação extraordinária que ainda não foi lançada no Orçamento.

O custo ficaria em torno de 40 bilhões de reais por aproximadamente seis meses de vigência, com a maior parte dos recursos ficando fora da contabilidade do teto de gastos, afirmaram fontes do Ministério da Economia à Reuters.

A medida foi vista entre investidores como eleitoreira e como um sinal de que mais pressões poderão vir num momento em que o presidente Bolsonaro (PL) se mantém atrás de seu rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, enquanto a inflação de dois dígitos impulsionada em boa parte pelos aumentos dos combustíveis corrói a renda do brasileiro.

“A medida em si preocupa, mas o que o mercado mais detesta é a incerteza do que pode vir mais para a frente”, disse Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas. Ele pondera, no entanto, que as ações atuais do governo são uma “fraca” sinalização para uma “proxy” do que seria um segundo governo Bolsonaro. “Estamos em ano de eleição, todo mundo está levantando suas armas para ganhar. […] Estamos numa guerra.”

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