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Dólar (USDBLR) fica estável com moderação da inflação nos EUA contrapondo receio sobre PEC da Transição

01 dez 2022, 17:20 - atualizado em 01 dez 2022, 17:38
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A moeda norte-americana à vista teve variação negativa de 0,03%, a 5,1979 reais na venda (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar (USDBLR) fechou perto da estabilidade frente ao real nesta quinta-feira, com a fraqueza internacional da divisa norte-americana, após dados terem mostrado arrefecimento da inflação nos Estados Unidos, dividindo atenções com receios domésticos sobre a PEC da Transição.

A moeda norte-americana à vista teve variação negativa de 0,03%, a 5,1979 reais na venda, renovando seu patamar de encerramento mais baixo desde o último dia 9 (5,1845), depois de já ter despencado quase 4% no acumulado dos três pregões anteriores.

Na B3 (B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a 5,2280 reais.

Nesta manhã, foram divulgados dados de inflação norte-americanos que reforçaram a perspectiva de um Federal Reserve mais brando na conduta da política monetária.

O índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% em outubro, após avançar na mesma margem em setembro.

Nos 12 meses até outubro, o PCE subiu 6,0%, após avanço de 6,3% em setembro, uma desaceleração que pode justificar aumentos menores dos juros pelo Fed a partir da reunião de dezembro.

O chair do Fed, Jerome Powell, já havia sinalizado na véspera que o banco central norte-americano pode reduzir o tamanho de seus ajustes nos juros já neste mês. O dólar se enfraqueceu globalmente na esteira dessa indicação, com seu índice frente a uma cesta de moedas fortes caindo 0,8% nesta quinta-feira.

“Quando ele (Powell) expressou que o ritmo dos aumentos na taxa de juros em dezembro já serão reduzidos, essa fala levou o mundo inteiro a um apetite por risco”, disse Evandro Caciano dos Santos, chefe de câmbio da Trace Finance.

O índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% em outubro, após avançar na mesma margem em setembro (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustración/Archivo)

No entanto, “mesmo a gente tendo esse movimento externo, a gente tem também o cenário político, que tem sido mandatário na nossa relação com o dinheiro”, ponderou o especialista.

Um dos principais motivos de angústia na cena doméstica tem sido a PEC da Transição, já que, da forma que foi protocolada no Senado no início desta semana, abre uma exceção à regra do teto de gastos de quase 200 bilhões de reais por quatro anos, em grande parte para custear o Bolsa Família.

“O tanto que ela nos traz insegurança fiscal com certeza faz com que a gente tenha um movimento muitas vezes inverso ao do mundo”, avaliou Santos. Em novembro, a moeda norte-americana ganhou 0,67% frente ao real, na contramão das perdas de mais de 5% do índice do dólar contra a cesta de pares fortes no mesmo período.

Ainda assim, alguns investidores têm se agarrado a esperanças de que os quase 200 bilhões de reais em gastos extrateto previstos na PEC sejam moderados e seu período de duração, reduzido.

Bruno Di Giacomo, diretor de investimentos da Nero Capital, vê uma tendência de longo prazo de baixa do dólar, em meio à possibilidade de que a taxa Selic volte a subir, o que elevaria o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e tornaria a moeda brasileira mais atraente para investidores estrangeiros.

Os juros futuros dispararam em novembro em meio à percepção de risco fiscal elevado, com a curva de DIs chegando a precificar novos aumentos da Selic atualmente em 13,75% em 2023.