Clima azeda e dólar dispara no maior valor em 6 meses; veja cotação
O dólar à vista atravessa uma forte turbulência e o clima está bastante azedo no exterior. Com isso, a moeda norte-americana dispara lá fora e atinge em cheio o real, que atinge o maior valor desde março deste ano.
Pressionado desde a abertura dos negócios nesta terça-feira (03), por volta das 16h30 (de Brasília), a divisa estrangeira disparava 1,9% frente ao real, negociada a R$ 5,15 para venda, perto das máximas do dia.
O contrato futuro de dólar com vencimento em novembro saltava 1,7%, a R$ 5,17.
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Por sua vez, lá fora, o Dollar Index (DXY) subia, a 107 pontos, deixando claro a força da moeda americana ante as moedas pares, de economias mais fortes, e de países emergentes. É o maior patamar do DXY em quase um ano.
Além disso, o Dollar Index opera em alta pela décima terceira semana seguida, desde julho.
Por que o dólar galopa?
Desde a última decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), em 20 de setembro, o dólar já subiu R$ 0,30 frente ao real.
Apesar de manter a taxa de juros no intervalo de 5,25%-5,50%, a autoridade monetária sinalizou que deverá elevar juros na próxima reunião, em novembro. A expectativa é que o ajuste monetário seja de 0,25 ponto percentual (p.p.).
Porém, o Fed não apenas deverá elevar os juros em novembro, como também pode seguir com o ciclo de aperto monetário em meio aos indicadores econômicos mais fortes nos Estados Unidos, conforme o sentimento de analistas.
Hoje, o relatório de emprego Jolts, de agosto, apontou que foram abertas 9,6 milhões de vagas de trabalho no país, acima do esperado, de 8,9 milhões. Na sexta-feira (06), será divulgado o principal dado do mercado de trabalho americano, o payroll.
“Esses dados desencadearam mais um dia movimentado nos mercados. Os retornos dos títulos do tesouro americano pressionam o dólar. A interpretação [do mercado] é que a economia americana continua mostrando robustez e que mais um aumento dos juros deve ser inevitável”, avalia o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori.
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Treasuries tacam o terror
Os números mais fortes corroboram para os rendimentos dos títulos norte-americanos (treasuries) manterem a trajetória de alta. Sendo assim, chegaram aos maiores níveis desde 2007.
Os títulos de longo prazo sofrem pressão com investidores preocupados com a perspectiva que os juros permaneçam altos por mais tempo diante da resiliência da economia dos Estados Unidos.
“A treasury de 10 anos já vem fazendo preço na moeda e ela está próxima dos 4,80%. Isso reflete em uma saída muita alta de dólar aqui do Brasil“, diz o gerente da mesa de operações do banco de câmbio StoneX, Marcio Riauba. Segundo ele, esse fator corrobora para o real ter um dos piores desempenhos entre as moedas globais nesta terça-feira.
Contudo, Igliori, da Nomad, acrescenta que os dados de emprego mais positivos estão sendo interpretados como indicadores de aumento de risco e orientam o mercado a tomar decisões na direção da cautela.
Ele pondera que, em tempos normais, um mercado de trabalho forte seria motivo de celebração. Entretanto, no atual contexto, não deixa de ser um alerta.
“Alerta de que algo pode dar muito errado. O temor é que juros altos por tempo indeterminado em uma das principais economias vão gerar impactos para todos os lados e o jogo pode virar. O terreno está fértil para previsões e ainda não sabemos mapear com precisão onde estão as maiores fragilidades”, indaga.