Perspectiva 2024

Dólar seguirá com a cotação abaixo de R$ 5,00? Veja 10 projeções para 2024

21 dez 2023, 14:50 - atualizado em 21 dez 2023, 12:42
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Relatório Focus, bancos e casas de análises veem dólar até acima de R$ 5; há quem seja mais ousado e crave bem menos (Imagem: Reuters/Dado Ruvic/Ilustração)

No início de 2023, analistas, economistas e o mercado financeiro em geral tinham uma visão bastante pessimista em relação ao cenário econômico brasileiro. As incertezas pairavam em meio à troca de governo, desafios fiscais e a escalada da inflação e dos juros no exterior.

Diante disso, a expectativa era de um dólar mais forte este ano, acima de R$ 5,20. De fato, logo nos primeiros dias de janeiro, após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República, a moeda norte-americana disparou e alcançou o maior valor de 2023: R$ 5,48 para venda.

Contudo, ao longo do ano, com o avanço da agenda econômica do governo Lula, avanços nas discussões fiscais, forte entrada de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira, discussão e aprovação da reforma tributária, expectativa de queda e início do corte da taxa básica de juros (Selic) e com os sinais de recessão econômica no exterior sumindo do radar, a taxa de câmbio cedeu.

O dólar caiu tanto que, em abril, chegou ao patamar abaixo de R$ 5,00. Desde então, a moeda oscilou entre os níveis bem próximos dos R$ 4,70 e R$ 5,25.

O Relatório Focus, do Banco Central, desta semana aponta que o mercado espera uma taxa a R$ 4,93 ao fim do ano, na semana que vem.

Para 2024, o Focus projeta dólar a R$ 5,00. E o mercado, como vê a moeda norte-americana? Veja abaixo as expectativas de bancos e casas de análises para a taxa de câmbio.

  • Itaú

O banco Itaú está cautelosamente otimista com o real, vendo espaço para um desempenho mais positivo, considerando a melhora no ambiente internacional.

Para os analistas, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começará a cortar juros mais cedo que o esperado em 2024. Desta forma, aliviaria em parte a esperada redução do diferencial de juros e resultando em enfraquecimento da moeda a nível global.

“Esperamos que a economia americana performe melhor do que as demais, o que limita o espaço para uma expectativa de dólar global muito mais fraco. Assim, abre espaço para um real mais apreciado no próximo ano”, diz o Itaú.

Com isso, o banco prevê uma taxa de câmbio a R$ 4,90 para o próximo ano.

  • Santander

A equipe econômica do Santander é um pouco mais pessimista em relação ao dólar no ano que se aproxima. Apesar da solidez das contas externas, os analistas ponderam veem um espaço limitado para valorização do real nos próximos meses.

Segundo eles, há ainda perspectivas de condições monetárias apertadas lá fora, como também de acomodação de preços das commodities e lento crescimento da economia da China. Enquanto aqui, há riscos fiscais e sinalização de que a taxa Selic seguirá em queda.

“Apesar de ter havido alguma melhora no curto prazo, o que nos levou a revisar para baixo a projeção de câmbio [para R$ 5,00] ao fim deste ano, mantemos nossa visão de uma moeda mais desvalorizada à frente”, pontua o Santander, com projeção de dólar a R$ 5,25 ao fim de 2024.

  • Banco Inter

Em contrapartida, o banco Inter vê riscos desbalanceados para o câmbio. De um lado, segundo os analistas, o cenário fiscal pode voltar a trazer mau humor entre os investidores, particularmente se o governo Lula se mostrar incapaz de controlar o crescimento dos gastos.

Por outro lado, o fim do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos ajuda a limitar a pressão via diferencial de juros, ressalta o banco.

Além disso, o Inter espera que a balança comercial continue em patamar robusto em 2024, assim como foi este ano, mantendo o fluxo positivo.

Diante disso, o Inter espera taxa de câmbio perto de R$ 5,00 ao fim do ano que vem, com viés de baixa.

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  • BB Investimentos

O BB Investimentos destaca o viés positivo para o dólar diante da melhora das contas externas e do cenário global.

Desta forma, esses dois fatores contemplam quedas sincronizadas de juros na segunda metade do ano, dizem os analistas da casa. Assim, eles projetam que a cotação da moeda americana encerre 2024 em patamar semelhante ao deste ano, a R$ 4,95.

  • Julius Baer

Para o Julius Baer Brasil, o dólar está em processo de “reprecificação”, com retirada de um dos principais fatores que sustentaram sua apreciação global em 2022 e no terceiro trimestre deste ano: a política monetária americana.

Com isso, a economista da área de pesquisa macroeconômica da gestora, Mariam Dayoub, vê a intensidade de desvalorização da moeda em âmbito global mais limitada.

Aqui, Dayoub reforça que a balança comercial brasileira está “muito boa”, sustentada pelas commodities agrícolas e energéticas, em meio ao aumento da capacidade de exploração da Petrobras.

No entanto, ela acredita que o risco-país ficou contido, após a revisão para cima da nota de crédito do Brasil por agências de classificação de risco, como a S&P nesta semana.

“Espera-se alguma estabilidade do câmbio, mas com expectativa de que alguns episódios de estresse fiscal, relacionados à discussão sobre a revisão da meta de resultado primário de 2024, levando à uma pontual depreciação. Porém, esses fatores domésticos e externos ajudariam o dólar a voltar a se apreciar após tais episódios”, analisa.

Sendo assim, o Julius Baer Brasil vê a moeda americana cotada a R$ 5,00 no próximo ano.

  • Ouribank

Segundo o Ouribank (ex-banco Ourinvest), o balanço para 2024 é positivo. “Parece que estamos novamente otimistas com o futuro que nos aguarda”, diz a economista Cristiane Quartaroli, vendo a cotação abaixo de R$ 5,03, em linha com o estimado no Focus.

No entanto, ela destaca que os desafios ainda são enormes, tanto do ponto de vista da economia internacional, quanto do ponto de vista da economia e da política local. Sendo assim, a percepção que fica é de que as projeções do mercado estão mais pessimistas do que o banco gostaria que estivesse.

A economista ressalta que a inflação das economias chamadas “centrais”, como Estados Unidos e Europa, começou a ceder e já é possível enxergar uma luz no fim do túnel.

“Isso sinaliza que a contração da política monetária chegou ao fim. Inclusive, já se fala em afrouxamento dos juros americanos ao longo do ano que vem. Um ponto positivo”, comenta.

Por sua vez, o Ouribank observa que a tendência para a economia chinesa no próximo ano também é de melhora. De modo que alguns dados divulgados recentemente, como o indicador da produção industrial, sinalizam alguma recuperação.

  • Warren

A Warren Investimentos tem uma visão otimista em relação ao comportamento do câmbio no próximo ano. O estrategista-chefe da casa, Sérgio Goldenstein, acredita em um ambiente externo mais calmo.

Além do Fed reduzindo juros, ele vê o Brasil mantendo os fluxos comerciais fortes. “Mesmo com o processo de queda da Selic, o potencial de juros do país continuará suficientemente atrativo para investidores estrangeiros”, pondera.

Goldenstein entende que o risco de uma depreciação do real é pequeno. Portanto, havendo espaço para mais apreciação da moeda brasileira com a redução dos riscos fiscais.

Assim, se esses riscos forem mitigados, o profissional da Warren estima dólar próximo dos R$ 4,50 em 2024.

  • EQI

A EQI Corretora também chama a atenção para as contas públicas no país e o quanto o governo estará compromissado com a austeridade.

O head de solutions da corretora, Alexandre Viotto, chama a atenção para o exterior, em relação aos próximos movimentos do Fed e também para o preço das commodities.

“Por fim, vale ficar atento ao imponderável, que pode vir tanto dos conflitos internacionais quanto de alguma surpresa inesperada nas eleições nos Estados Unidos [em novembro]”, opina o analista, vendo tendência de leve alta para o dólar.

Todavia, a partir do segundo trimestre, o profissional da EQI vê a divisa estrangeira mais próxima de R$ 5,30 do que de R$ 4,50.

Economista vê dólar a R$ 4,30 em 2024

O economista e consultor André Perfeito tem uma expectativa bastante otimista para a moeda americana em 2024: a R$ 4,30. 

Ele explica que projeta essa taxa de câmbio tendo como suporte o superávit comercial recorrente, especialmente em razão da virada na balança de petróleo e derivados que, finalmente, é favorável ao Brasil. Isso após 70 anos da criação da Petrobras (PETR4).

Perfeito também vê um cenário de crescimento econômico mais forte com a perspectiva de aumento de arrecadação, o que deve surpreender analistas no front fiscal e que ainda não foi ponderado pelo mercado.

“O recente upgrade da nota de crédito do Brasil pelo S&P indica a percepção mais benigna com o país e não me surpreenderia em melhoras adicionais da nota no ano que vem”, acrescenta.

Perfeito reforça a visão de que a perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos se intensificará, o que enfraquece a divisa via diferencial de juros.

“A projeção de dólar a R$ 4,30 pode soar exagerado. Porém, acho até conservadora. Estruturalmente, a economia brasileira mudou de patamar no setor externo e isso ficará cada vez mais evidente em 2024”, avalia.

Veja a projeção de alguns bancos e corretoras para o dólar em 2024.

Banco/Casa de análises Projeção dólar
BB Investimentos R$ 4,95
Economista André Perfeito R$ 4,30
EQI Corretora perto de R$ 5,30
Inter perto de R$ 5,00
Itaú R$ 4,90
Julius Baer Brasil R$ 5,00
Ouribank abaixo de R$ 5,03
Santander R$ 5,25
XP R$ 4,80
Warren perto de R$ 4,50

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