Dólar tem volatilidade ante real em meio a receio sobre Covid e dados nos EUA
O dólar oscilava entre altas e baixas contra o real nesta quinta-feira, mostrando grande volatilidade na sessão à medida que investidores pesavam dados melhores do que o esperado nos Estados Unidos contra temores de uma segunda onda de coronavírus.
Depois de um dia turbulento para ativos arriscados na sessão anterior, o sentimento de risco dos investidores amanheceu fraco nesta quinta-feira, já que uma alta nos casos de Covid-19 em várias áreas dos Estados Unidos causou temores sobre segunda onda da doença, que poderia provocar a volta de bloqueios econômicos prejudiciais à atividade.
Mas dados nos EUA acalmaram os nervos dos mercados momentaneamente, com as novas encomendas do núcleo de bens de capital se recuperando mais do que o esperado em maio e o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre ficando em linha com as expectativas.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, explicou que “os dados, em certa medida, estão diminuindo as preocupações que a gente viu com o aumento de casos de coronavírus nos EUA, ajudando a reduzir temores sobre uma recuperação mais lenta”.
Ainda assim, as consequências econômicas da pandemia nos EUA persistem, impedindo recuperação definitiva no apetite por risco. A demanda fraca está forçando empregadores norte-americanos a demitir trabalhadores, mantendo o número de novos pedidos de auxílio-desemprego extraordinariamente alto mesmo com a reabertura das empresas.
Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital modalmais, disse à Reuters que a volatilidade deve permanecer, destacando fortes oscilações nas bolsas de valores e nas moedas arriscadas.
Nesta quinta-feira, divisas emergentes ou ligadas a commodities, como peso mexicano, dólar australiano, lira turca e rand sul-africano, mostravam comportamento misto contra a divisa norte-americana. Wall Street rondava estabilidade, após recuar no início do pregão.
Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central piorou sua projeção para o PIB em 2020, vendo agora retração de 6,4%, ante crescimento zero calculado em março, refletindo profundo impacto da crise do coronavírus na atividade.
As projeções do banco, divulgadas em seu Relatório Trimestral de Inflação, sinalizam “tom de cautela na condução da política monetária, diante da elevação de incertezas”, disseram em nota analistas do Bradesco, o que poderia significar uma pausa no ciclo de corte de juros do BC, que derrubou a taxa Selic a mínimas históricas sucessivas.
O fraco desempenho econômico brasileiro, somado a incertezas políticas locais e a um cenário de juros baixos, tem sido apontado por analistas como fator de impulso para o dólar, que acumula ganho de 33% contra o real em 2020.
Às 12:28, o dólar avançava 0,44%, a 5,3480 reais na venda. Evidência da persistente volatilidade, na máxima da sessão a moeda saltou 1,00%, a 5,3776 reais, enquanto na mínima cedeu 1,07%, para 5,2675 reais.
O dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 0,26%, a 5,3355 reais.
Na última sessão, o dólar à vista teve salto de 3,33%, a 5,3246 reais na venda, maior valorização percentual diária desde 18 de março.
Neste pregão, o Banco Central vendeu o total da oferta de 12 mil contratos de swap tradicional para novembro de 2020 e fevereiro de 2021, para rolagem de contratos. A autarquia também vendeu oferta integral de 1,5 bilhão de dólares em leilão de moeda estrangeira com compromisso de recompra, operação para rolagem do vencimento 2 de julho de 2020.