Dólar

Dólar tem valorização de quase 30% sobre o real: O que impulsionou a divisa norte-americana em 2024?

30 dez 2024, 17:06 - atualizado em 30 dez 2024, 17:13
dólar câmbio
O dólar à vista foi impulsionado pelo aumento das incertezas sobre o cenário fiscal brasileiro, eleições nos EUA e perspectiva de juros elevados por mais tempo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O dólar à vista (USDBRL) superou a marca de R$ 6 pela primeira vez na história e renovou máximas, em termos nominais, na reta final do ano.

A disparada da divisa norte-americana se traduziu em uma valorização de 27,34% desde janeiro. Esse foi o maior ganho anual da moeda desde 2020.  O dólar encerrou as negociações de 2024 nesta segunda-feira (30) cotado a R$ 6,1802 no mercado à vista.



Por outro lado, o real foi uma das moedas com o pior desempenho anual.

O que mexeu com o dólar em 2024?

O dólar saltou mais de 20% com grande parte dos ganhos acumulados no segundo semestre deste ano — impulsionada pela escalada da aversão ao risco do mercado com o cenário fiscal brasileiro e a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. 

A moeda norte-americana ultrapassou o valor nominal de R$ 6 pela primeira vez desde a criação do real, em 1994, em novembro e atingiu a cotação máxima histórica de R$ 6,2679 na reta final de dezembro. 

Na tentativa de conter a disparada do dólar, o Banco Central realizou uma série de intervenções no câmbio com leilões à vista e de linha — com o compromisso de recompra. Com isso, o BC injetou mais de US$ 32,5 bilhões no mercado.

Nos últimos meses, investidores têm se mostrado cada vez mais receosos com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas. 

A tensão aumentou após o anúncio duplo do pacote de contenção de gastos — amplamente esperado pelo mercado — e de um projeto de reforma do Imposto de Renda — que prevê a isenção para salários de R$ 5 mil por mês — no penúltimo mês do ano. 

Mesmo com a aprovação dos três projetos que compõem o pacote fiscal pelo Congresso e o adiamento do debate sobre mudanças no IR para 2025, agentes financeiros ainda questionam a efetividade das medidas na contenção das despesas e duvidam da determinação do governo em reduzir a dívida pública.

No cenário externo, o ano de 2024 apresentou outros fatores desfavoráveis para a moeda brasileira, a começar já nos primeiros meses com a quebra das expectativas dos mercados globais por uma série de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos.

Em janeiro, os operadores projetavam até seis reduções de juros pelo BC norte-americano. Mas a autoridade monetária fez apenas três cortes — de 100 pontos-base acumulados — o que provocou ganhos nos rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos EUA, os Treasuries, ao longo do ano, valorizando o dólar ante divisas globais. 

A moeda norte-americana também foi favorecida pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos

Isso porque o republicano tem prometido, entre outras medidas, o corte de impostos e a inclusão de tarifas sobre produtos importados — que são consideradas inflacionários e devem refletir na permanência de juros elevados no país por mais tempo. 

As tensões geopolíticas também contribuíram para os fortes ganhos do dólar, com notícias vindas da guerra na Ucrânia e dos conflitos entre Israel e os grupos militantes Hamas e Hezbollah no Oriente Médio, gerando temores de confrontos militares mais amplos.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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