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Dólar recua ante real após salto recente e comentários do Fed seguem no radar

21 jun 2021, 9:23 - atualizado em 21 jun 2021, 10:29
Às 10:11, o dólar recuava 0,63%, a 5,0397 reais na venda (Imagem: Pixabay/ClassicallyPri)

O dólar passava a cair em relação ao real na manhã desta segunda-feira, depois de registrar ganho acentuado no último pregão devido a comentários duros sobre inflação nos EUA de uma autoridade do Federal Reserve.

Às 10:11, o dólar recuava 0,63%, a 5,0397 reais na venda. O dólar futuro negociado na B3 tinha queda de 0,99%, a 5,0455 reais.

No exterior, o dólar também apresentava quedas modestas, cedendo cerca de 0,15% contra uma cesta de moedas fortes. Rand sul-africano e peso mexicano, dois dos principais pares do real, trabalhavam com ganhos nesta segunda-feira.

Em nota, Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, disse que “ativos de risco estão iniciando a sessão em tom de recuperação, retomando fôlego após a correção promovida na semana passada em resposta ao Federal Reserve”.

Na sexta-feira, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que a inflação nos Estados Unidos está mais intensa do que o esperado. Ele também afirmou que está entre as sete autoridades do banco central norte-americano que esperam que medidas mais agressivas –como um aumento de juros já no ano que vem– contenham as pressões sobre os preços.

Na esteira de seus comentários, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,92% contra o real na sexta-feira, a 5,0712 reais na venda.

Juros mais altos nos EUA tendem a favorecer a moeda norte-americana com o ingresso de recursos de investidores que buscam retornos mais altos e, ao mesmo tempo, segurança.

“Ao longo da semana, o Federal Reserve deve seguir em foco, com o mercado avaliando falas de alguns dos formuladores de política monetária americanos”, disse Beyruti, que também chamou a atenção para a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.

Na semana passada, o BC promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em seu próximo encontro.

Com a divulgação da ata do encontro, “o Banco Central poderá explicitar com mais detalhe o seu cenário básico e os riscos para a política monetária”, avaliaram em nota matinal analistas do Bradesco. “O mercado estará atento à leitura do BC sobre a inflação (corrente, bem como as expectativas) e atividade e buscará os sinais sobre seus próximos passos, após a autoridade monetária indicar uma normalização completa da taxa de juros”.

A projeção para a taxa Selic no final deste ano voltou a subir na pesquisa semanal Focus realizada pelo Banco Central.

O mercado vê agora a Selic em 6,50% ao final de 2021, de 6,25% na pesquisa anterior. Para 2022, permanece a projeção de que a taxa ficará em 6,50%.

Um maior diferencial de juros entre Brasil e países de economias avançadas tende a beneficiar o real, principalmente devido a estratégias de “carry trade”. Elas consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.

O Banco Central fará nesta sessão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em dezembro de 2021 e abril de 2022.