Dólar tem pouca alteração contra real às vésperas da “super quarta”
O dólar oscilava entre estabilidade e leve alta contra o real nesta terça-feira, que conta com o início das aguardadas reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.
O Comitê Federal de Mercado Aberto norte-americano (Fomc, na sigla em inglês) e o Comitê de Política Monetária do BC doméstico (Copom) iniciam seus respectivos encontros nesta terça e anunciarão suas decisões no dia seguinte, na chamada “super quarta”.
Nos Estados Unidos, a maior parte dos investidores aposta que as prováveis pressões inflacionárias “transitórias” vão evitar que o Fed sinalize uma mudança imediata na política monetária, mas alguns funcionários do banco central norte-americano já começaram a reconhecer que estão mais próximos de um debate sobre quando retirar parte de seu estímulo.
Enquanto isso, no Brasil, uma pesquisa da Reuters com economistas mostrou que Banco Central provavelmente anunciará o terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual na taxa Selic ao final de sua reunião, e possivelmente vai indicar um ciclo mais agressivo à frente ao abandonar seu compromisso com uma “normalização parcial” da política monetária.
“Tem início a reunião do Copom e, como todas as mais recentes, é uma decisão de suma importância quanto à comunicação, onde se concentram as expectativas do mercado e dos analistas, em especial na retirada do tema ‘ajuste parcial’ de juros”, disse em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Segundo ele, as expectativas dos mercados em relação aos juros básicos têm sido justificadas por dados domésticos fortes de inflação e crescimento, bem como pelos sinais de avanço na imunização da população brasileira contra a Covid-19.
Vários economistas têm ressaltado nos últimos dias que um cenário de manutenção de estímulos nos EUA e de um BC mais “hawkish” no Brasil tende a deixar o mercado de renda fixa doméstico mais atraente para o investidor estrangeiro, consequentemente beneficiando o real.
Isso por causa de operações de “carry trade”, uma estratégia que consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Às 10:19, o dólar avançava 0,09%, a 5,0770 reais na venda, enquanto o principal contrato de dólar futuro tinha ganho de 0,30%, a 5,0845 reais.
A política monetária dominava os holofotes nesta terça-feira, mas “no pano de fundo, o mercado recebe bem a antecipação do cronograma de vacinação em diversos estados do país enquanto avalia a decisão pela extensão do auxílio emergencial por mais três meses”, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Além disso, vários analistas apontavam para dados norte-americanos desta manhã que mostraram uma queda maior do que a expectativa nas vendas no varejo e avanço nos preços ao produtor em maio.
O dólar spot fechou o último pregão em queda de 0,95%, a 5,0723 reais na venda.
(Atualizada às 10h35)