Dólar tem maior alta em quase 1 mês com exterior arisco e fecha a R$ 5,21
O dólar teve firme alta ante o real nesta quinta-feira, devolvendo parte das quedas das últimas três sessões, em um clássico dia de aversão a risco nos mercados externos por receios sobre o ritmo de recuperação dos Estados Unidos em meio a temores de efeitos econômicos de tensões EUA–China.
O dólar à vista subiu 1,96%, a 5,2145 reais na venda, maior alta diária desde 26 de junho (+2,58%).
A moeda oscilou em alta durante todo o pregão. Na máxima, foi a 5,2235, ganho de 2,14%, e na mínima marcou 5,12 reais, leve valorização de 0,11%.
Na B3 (B3SA3), o dólar futuro avançava 1,95%, a 5,2210, às 17h19.
O salto do dólar spot nesta quinta mais do que apagou a queda de 1,87% da véspera e quebrou uma sequência de três baixas, na qual a cotação acumulou perda de 4,98%.
No que tem sido padrão, o real mais uma vez teve a maior oscilação entre as principais moedas, desta vez para o lado negativo. A lista de maiores quedas globais na sessão continuava com rand sul-africano (-1%), peso colombiano e coroa norueguesa (ambos -0,9%), peso mexicano (-0,6%) e dólar australiano (-0,5%).
Todas essas divisas, assim como real, têm estreita correlação com os preços das matérias-primas, que caíam 0,3% nesta sessão, em meio a receios sobre o ritmo de recuperação econômica nos EUA.
Compondo o panorama de aversão a risco, o Ibovespa fechou em queda de quase 2%, o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York recuou 1,2% (ambos segundo dados preliminares). Diante da busca por ativos seguros, o ouro disparou para perto de máximas históricas, e os preços do título soberano norte-americano com vencimento em dez anos (considerado o ativo mais seguro do mundo) subiam, com consequente queda nos rendimentos.
O mercado recebeu mal os mais recentes dados de auxílio-desemprego nos EUA, que mostraram elevação ante a semana anterior, “em um dos mais claros sinais de que a recuperação da economia dos EUA está estagnando”, disseram analistas do Wells Fargo.
Investidores correram para outras moedas fortes, o que empurrou o euro para além de 1,16 dólar e fez o iene ser cotado abaixo de 107 por dólar.
Mas esse quadro de dólar fraco é limitado a comparações com outras divisas de reserva. Moedas de risco, caso do real, tendem a sofrer com dúvidas sobre a força da economia norte-americana, já que um enfraquecimento nos EUA poderia pressionar a atividade no mundo e afetar demanda por commodities, por exemplo.
Nesse cenário, o Bank of America segue vendo dólar a 5,20 reais ao fim de setembro e de 5,40 reais ao término de 2020.
“O potencial de uma possível vacina para o Covid-19 no curto prazo, juntamente com as próximas eleições nos EUA, são os principais eventos de risco previstos”, disseram profissionais do BofA sobre fatores com chance de impactar o dólar nos próximos meses.