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Dólar tem leve queda ao fim de sessão de intensa volatilidade e fecha a R$ 5,20

24 jul 2020, 17:19 - atualizado em 24 jul 2020, 20:50
Dólar
O dólar à vista caiu 0,14%, a 5,207 reais na venda (Imagem: REUTERS/Murad Sezer)

O dólar fechou a volátil sessão desta sexta-feira em leve queda, depois de subir quase 0,8% mais cedo, com o vaivém nos preços da moeda seguindo um dia instável nos mercados internacionais, em meio a temores sobre as relações entre Estados Unidos e China.

O dólar à vista caiu 0,14%, a 5,207 reais na venda. A moeda oscilou entre alta de 0,76%, a 5,2541 reais, e queda de 1,03%, a 5,1609 reais.

Na semana, o dólar perdeu 3,26%. Em julho, a cotação recua 4,28%, mas ainda dispara 29,76% em 2020.

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro tinha baixa de 0,15%, a 5,2050 reais, às 17h02.

Mais um integrante do Banco Central falou sobre a instabilidade nas cotações nesta sexta-feira. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a volatilidade cambial incomoda e está sendo estudada pela autoridade monetária, mas que há entendimento de que os instrumentos dos quais o BC dispõe não são adequados para atuar nesse sentido.

O IPCA-15 de julho, divulgado nesta sexta e que veio abaixo do esperado, também foi citado como elemento a embaralhar os movimentos do câmbio, uma vez que deu argumentos para quedas nas taxas de juros futuros negociadas na B3 –movimento que, em tese, reflete mais apostas de cortes da Selic.

As sucessivas reduções no juro básico da economia foram citadas por muito tempo como razão para a maior pressão sobre o dólar, uma vez que diminuíram o retorno da renda fixa doméstica e deixaram o Brasil em desvantagem em termos de “yield” quando comparado a seus pares emergentes –prejudicando o cenário para fluxos.

Para Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas, “alguma suspeita” de que a volatilidade do câmbio esteja relacionada ao nível de juros pode fazer com que o Banco Central pare de cortar a Selic depois de um afrouxamento monetário de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em agosto.

Roberto Campos, gestor sênior de câmbio na Absolute Investimentos, avaliou que a narrativa de que a volatilidade cambial é fruto do patamar da Selic é “uma tese ainda não provada”, mas contribui para afastar das operações cambiais investidores apegados a fundamento, o que abre espaço para maior influência de posições de curtíssimo prazo, geralmente de maior volatilidade.

“Então vira um mercado de day trade, de muito gráfico, técnico”, disse. “O que se tem de não volátil é o entendimento de que o real seguirá volátil”, completou.