Dólar tem espaço para cair ainda mais no Brasil com efeito Milei e Trump, diz Gavekal
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O que a agenda ultraliberal de Javier Milei na Argentina e a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos têm a ver com a cotação do dólar no Brasil?
Para Louis Gave, fundador e CEO da renomada Gavekal Research, a mudança no pêndulo político global e a rápida mudança no cenário tendem a favorecer as moedas locais, incluindo a brasileira.
A empresa de pesquisa de investimentos destaca que vários países da América Latina irão às urnas até o fim de 2026. Entre eles, Chile, Peru, Colômbia e o próprio Brasil.
O sucesso de Milei está mudando a equação política na região e talvez em todo o mundo. Desse modo, aumenta as chances de uma guinada à direita, com efeitos no dólar, de acordo com a Gavekal.
“Se isso ocorrer, os investidores provavelmente repatriarão capital, e a recuperação de moedas e títulos da América Latina até o momento (especialmente no Brasil) pode realmente ganhar força”, escreveu Gave, em relatório a clientes.
Além de Milei — de Trump à China
Além do efeito Milei, a Gavekal avalia que as primeiras medidas de Donald Trump também contribuem para mudar o cenário global dos mercados.
O especialista menciona, por exemplo, a agenda de corte de custos nos Estados Unidos. Se ela for bem sucedida, pode tirar pressão sobre as taxas dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), de acordo com Gave.
Outra consequência da agenda de Trump — em particular as tarifas — deve ser o aumento dos investimentos internos dos demais países, incluindo defesa e infraestrutura.
Gave também vê uma mudança de paradigma com o lançamento do DeepSeek na China. “Depois das últimas semanas, a visão de que ‘a China fabrica e os EUA fazem o digital’ está em ruínas.
Nesse contexto, os investidores devem começar a mudar a percepção de que os únicos investimentos seguros eram as big techs norte-americanas e ouro.
“Hoje, podemos defender com argumentos sólidos títulos do Tesouro dos EUA, dívida e ações da América Latina, ações chinesas, ações europeias, projetos de infraestrutura e commodities. De repente, o cenário de investimentos está mais interessante do que nunca”, escreveu Gave.