Dólar sobe com busca global por segurança e de olho em fluxo
O dólar registrava alta ante o real na manhã desta sexta-feira, ficando a caminho de registrar ganho semanal, com investidores de todo o mundo reduzindo exposição a risco em meio a temores sobre a variante Ômicron do coronavírus e após uma série de reuniões de grandes bancos centrais.
No Brasil, estavam no radar fluxos sazonais de saída de recursos do país –à medida que empresas fazem pagamentos de juros e dividendos–, que poderiam fazer o Banco Central voltar a fornecer liquidez aos mercados com leilões extraordinários, com investidores atentos ainda ao noticiário fiscal.
Às 10:00 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,7125 reais na venda, caminhando para alta semanal de 1,8%.
Na B3, às 10:00 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,38%, a 5,7265 reais.
Os últimos dias foram agitados na frente da política monetária, depois que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) se tornou o primeiro banco central do G7 a elevar os juros desde o início da pandemia, enquanto o Federal Reserve (Fed, dos Estados Unidos), sinalizou três altas nos custos dos empréstimos para 2022.
O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, apenas restringiu ligeiramente o estímulo emergencial, prometendo manter apoio copioso à economia no ano que vem.
“A tendência geral de aperto da política monetária parece ser clara, embora os diferentes caminhos percorridos pelos bancos centrais sublinhem as profundas incertezas sobre como a variante Ômicron, de rápida disseminação, afetará as economias”, afirmou a XP em nota nesta sexta-feira.
Em meio a essas dúvidas, investidores vendiam ativos arriscados –como ações e algumas moedas de países emergentes– nesta sexta-feira, enquanto o índice do dólar contra uma cesta de rivais tinha alta de 0,1%.
No cenário doméstico, “o mercado cambial deverá ser impactado pelos fluxos de entrada e saída de recursos”, escreveu Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, afirmando que o Banco Central deve seguir “vigilante aos movimentos no pronto (dólar à vista), como tem feito nos últimos dias”.
O BC realizou quatro leilões de moeda à vista nos últimos cinco pregões, injetando um total de 3,372 bilhões de dólares no mercado spot.
Na quinta-feira, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, disse que foi observado um fluxo de saída de recursos do país recentemente, motivado, entre outros fatores, por remessas de dividendos de empresas, ressaltando que o BC faz intervenções ao observar tais pressões pontuais.
Enquanto isso, investidores reagiam à notícia de que o Ministério da Economia enviou ao Congresso na quinta-feira um ofício com a sugestão de que sejam remanejados quase 2,9 bilhões de reais no Orçamento de 2022 com a finalidade de reajustar salários de algumas carreiras de servidores públicos.
“Após a promulgação da PEC dos Precatórios, o ano se encerra com mais pressões para gastos”, disse a XP.
A PEC dos Precatórios –que abre espaço fiscal para o financiamento do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda do governo– altera a regra do teto de gastos, visto como importante âncora fiscal do país.
A busca do Executivo por mais gastos –vista por alguns participantes do mercado como medida eleitoreira, já que o presidente Jair Bolsonaro deve tentar a reeleição em 2022– tem levantado temores de deterioração da saúde das contas públicas há meses.
A moeda norte-americana à vista fechou a quinta-feira em queda de 0,47%, a 5,6802 reais na venda.
(Atualizada às 10:27)