Pós-eleições: Em semana Lula, dólar derrete 4,5%, tem melhor desempenho desde 2002 e bate de longe Bolsonaro
O dólar à vista encerrou a semana pós-eleições com forte queda de 4,5%, mesmo com um feriado doméstico no meio. Com isso, a moeda norte-americana registrou a maior queda percentual no acumulado da semana pós-segundo turno desde 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República pela primeira vez.
O levantamento realizado por Einar Rivero, do TradeMap, considerou o período que abrange o pregão de sexta-feira antes do segundo turno e o da sexta seguinte à votação. Como as eleições de 1994 e 1998 foram decididas em primeiro turno, com a eleição e reeleição de Fernando Henrique Cardoso, o levantamento considera a cotação do dólar do mesmo período.
Em 2002, o estudo abrangeu o pregão até 31 de outubro, uma quinta-feira. Considerando a sexta-feira, 1º de novembro, o dólar apresenta perdas de mais de 5%.
‘Gringo comprou Lula’
O sócio e gestor da Galapagos Capital, Fábio Guarda, explica que o investidor local foi para o primeiro turno das eleições deste ano “tenso”, com aposta de alta da moeda estrangeira. “O mercado entrou outubro com uma tensão muito grande e as posições vieram muito defensivas”, diz.
Segundo ele, ao longo do segundo turno, o mercado colocou “bastante risco do processo eleitoral no preço do dólar”, com receios de que haveria uma contestação do resultado da eleição.
“Não teve essa contestação [no domingo]. Daí, o primeiro movimento foi um rali do investidor brasileiro. Quem estava vendido na bolsa [brasileira] zerou essas posições. Assim, começou a queda do dólar”, diz.
O dólar abriu o pregão seguinte ao segundo turno em alta, com a moeda cotada a R$ 5,40. Ao longo daquele dia e nos demais, o dólar foi perdendo valor gradativamente, até chegar à mínima de R$ 5,01 no pregão de sexta-feira (4).
Guardia acrescenta que, além do movimento local, houve uma forte entrada de investidor estrangeiro na B3. “O gringo comprou a eleição de Lula”, avalia.
“O dólar tem muito espaço para cair, abaixo de R$ 5. O Lula e o PT têm mostrado um poder de articulação muito grande”, observa o sócio-diretor da Pronto Invest, Vanei Nagem, apostando que a equipe econômica de Lula deverá ser formada por técnicos e pessoas que “agradam o mercado”.
Confira o desempenho % do dólar em semana pós-eleições
Eleições (semana) | Dólar (média BC) | Presidente eleito |
---|---|---|
30/09/1994 a 07/10/1994 * | -1,06% | FHC |
02/10/1998 a 09/10/1998 * | 0,26% | FHC |
25/10/2002 a 31/10/2002 ** | -4,12% | Lula |
27/10/2006 a 03/11/2006 | 0,20% | Lula |
29/10/2010 a 05/11/2010 | -1,25% | Dilma |
24/10/2014 a 31/10/2014 | -1,46% | Dilma |
26/10/2018 a 02/11/2018 | 0,60% | Bolsonaro |
28/10/2022 a 04/11/2022 | -4,50% | Lula |
*eleições definidas em 1º turno
**não considera o pregão de 01/11/2002
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