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Dólar supera R$ 5,60 após Bolsonaro rejeitar proposta de Guedes para Renda Brasil; DIs disparam

26 ago 2020, 13:07 - atualizado em 26 ago 2020, 13:09
Jair Bolsonaro, Paulo Guedes
Cheiro de fritura: Bolsonaro e Guedes não parecem mais tão alinhados (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O dólar acelerou a alta a mais de 1% e voltou a superar 5,60 reais nesta quarta-feira, enquanto os juros futuros dispararam, depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer que rejeitou a proposta apresentada pelo Ministério da Economia para criação do programa Renda Brasil, o que tornou a aumentar incertezas no mercado sobre a agenda do governo para as contas públicas e o futuro do ministro Paulo Guedes no cargo.

Às 12h32, o dólar à vista subia 1,19%, para 5,5931 reais, anulando a queda da véspera. Na máxima, a cotação foi a 5,6041 reais, alta de 1,39%.

Na B3, o dólar futuro saltava 1,51%, a 5,5940 reais, após bater 5,6035 reais.

O mercado de juros também sentiu a pressão. O DI janeiro 2023 foi à máxima do dia, de 4,21%, ante 3,93% do ajuste anterior. O DI janeiro 2025 saltou a 6,08% no pico, ante 5,75% do ajuste de terça-feira.

O Ibovespa foi às mínimas da sessão, quando caiu 1,87%, e caía 1,36% por volta de 12h37.

Quem manda no cofre?

A proposta de criação do Renda Brasil, que estava no pacote de medidas de aceleração da economia apresentadas ao presidente pelo ministro Paulo Guedes, previa um benefício maior que o valor atual do Bolsa Família, mas, para financiá-lo, a equipe econômica propôs o corte de outros programas sociais, como o abono salarial, o seguro-defeso e o Farmácia Popular.

Os ruídos entre Guedes e a ala desenvolvimentista do governo se intensificaram nas últimas semanas, causando saídas de importantes auxiliares do ministro da Economia e alimentando especulações sobre eventual substituição do chefe da pasta da Economia –com um dos nomes mais falados para seu lugar sendo o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O mercado piora o sinal porque entende que as divergências dificultam o cumprimento de uma agenda fiscal no sentido de austeridade, o que ameaça manter a dívida pública em trajetória de alta, deteriorando a percepção sobre as contas públicas do país e reduzindo a confiança dos investidores.