Dólar sobe mais de 1% por surpresa com emprego dos EUA e temores sobre Ucrânia
O dólar saltava mais de 1% nesta sexta-feira e chegou a superar a marca de 5,10 reais, conforme investidores reagiam a dados de emprego mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos e monitoravam os desdobramentos envolvendo a guerra na Ucrânia.
Apesar da valorização do dólar, a disparada dos preços das commodities e o ambiente doméstico de juros altos mantinham uma percepção de viés positivo para a moeda brasileira no curto prazo.
Às 12:12 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,18%, a 5,0860 reais na venda. A moeda chegou a saltar 1,50% no pico da sessão, a 5,1020 reais, depois de ter caído 0,07% na mínima, a 5,0234 reais.
Na semana, que não teve negociações na segunda e na terça devido ao Carnaval, o dólar caminhava para registrar baixa de 1,5%.
Na B3, às 12:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,95%, a 5,1225 reais.
O dólar começou a acelerar os ganhos expressivamente a partir das 10h30 (de Brasília), após dados do Departamento do Trabalho dos EUA mostrarem criação líquida de 678 mil empregos fora do setor agrícola no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 400 mil vagas.
Na esteira do relatório, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes subia mais de 1% no exterior.
Apesar da valorização desta manhã, a moeda norte-americana ainda não recuperou o total das fortes perdas registradas na véspera, quando fechou em baixa de 1,62%, a 5,0268 reais.
Vanei Nagem, sócio proprietário da Pronto!Invest, disse que a movimentação do dólar também reflete o nervosismo geopolítico, após notícias de um incêndio próximo a uma usina nuclear na Ucrânia tomada por tropas russas.
Posteriormente, o fogo foi controlado, segundo autoridades, mas os mercados de ações tinham firme queda no dia, conforme a guerra no país do leste europeu se arrastava para sua segunda semana.
No entanto, moedas de países exportadores de petróleo, metais, milho e trigo, entre outras commodities, têm sido beneficiadas pela escalada dos conflitos na Ucrânia, já que temores de interrupção da oferta impulsionaram os preços desses produtos a máximas em vários anos.
Em relatório divulgado na noite de quinta-feira, estrategistas do Citi disseram que o real, como uma dessas divisas sensíveis às commodities, está “sendo negociado como um refúgio seguro” em meio à alta dos preços provocada pela tensão geopolítica.
Nagem, da Pronto!Invest, concorda que o real não escapa dessa tendência de valorização cambial vista em vários países exportadores, já que as commodities formam grande parte da pauta de exportação do Brasil, mas acredita que o principal impulso para a divisa local é o patamar elevado dos juros.
“A alta das commodities ajuda, mas (o dólar) está caindo (neste início de ano) porque os juros brasileiros estão muito altos, enquanto lá fora seguem em patamares baixos. Aí continua entrando muito dinheiro no Brasil”, afirmou, acrescentando acreditar que o dólar pode buscar pisos em torno de 4,80 reais no curto prazo.
Custos de empréstimos mais altos no Brasil tendem a tornar o real mais atraente para estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros entre dois países.
Enquanto a taxa Selic está em 10,75% ao ano, os juros na maior economia do mundo, os Estados Unidos, estão num intervalo próximo de zero.
(Atualizada às 12:44)