Dólar sobe ante real com riscos domésticos no radar
O dólar avançava contra o real na manhã desta quinta-feira à medida que os investidores avaliavam os riscos fiscais do Brasil, acompanhando também o desempenho forte do dólar contra outras divisas emergentes em dia marcado pela divulgação de dados econômicos importantes dos Estados Unidos.
Às 10:12, o dólar avançava 0,36%, a 5,4412 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,59%, a 5,345 reais.
No exterior, embora o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes operasse em queda, a divisa norte-americana apresentava alta contra várias divisas emergentes pares do real, como pesos mexicano e chileno, rand sul-africano e lira turca.
A promessa do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que o banco central dos Estados Unidos não vai apertar sua política monetária antes de uma recuperação econômica ajudou na véspera a melhorar o clima nos mercados internacionais, mas preocupações sobre a inflação e a alta dos rendimentos dos títulos norte-americanos continuam no radar de alguns investidores.
“O que está chamando a atenção é o comportamento dos Treasuries, que indicaram inflação muito alta”, disse à Reuters Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos. “O pacote de moedas emergentes está perdendo bastante, e o Brasil, na verdade, se destaca como uma das divisas que perde menos.”
O foco global fica agora no relatório semanal de auxílio-desemprego e nos dados do PIB norte-americano que serão divulgados nesta quinta-feira, já que devem fornecer pistas sobre a saúde da maior economia do mundo.
Por aqui, as expectativas giravam em torno da votação da chamada PEC Emergencial, prevista para esta quinta-feira, embora a expectativa seja de que apenas a discussão seja iniciada nesta semana, enquanto a votação em si fique para a seguinte.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou na quarta-feira que a chamada PEC Emergencial — que abre caminho para a concessão de auxílio emergencial — não será “fatiada”, em meio à oposição de parlamentares que criticam a desvinculação de receitas da saúde e educação prevista no texto do relator Marcio Bittar (MDB-AC).
“Vamos votar uma PEC robusta, que traduza o compromisso com a sustentabilidade da dívida e a responsabilidade fiscal. Sem fatiamento”, tuitou o líder.
A notícia vem num momento de elevadas incertezas fiscais, com vários especialistas preocupados com a possibilidade de que o governo aprove mais medidas de ajuda à população sem equilibrar essa despesa com cortes de gastos.
Enquanto isso, sinais de avanço na agenda de privatizações do Brasil ajudavam a amparar o ânimo dos investidores, depois que o presidente Jair Bolsonaro entregou pessoalmente ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o projeto de lei de autoria do governo que define o novo marco do setor postal, proposta esta que permite a desestatização dos Correios e a atuação da iniciativa privada na área.
“No Brasil, um projeto de lei para desestatização dos Correios encaminhado pelo governo e o resultado do 4º trimestre da Petrobras divulgado ontem, melhor que o esperado pelo mercado(…) são fatos que poderão ajudar o mercado local”, disse o Itaú Personnalité em post no Twitter.
Na véspera, o dólar spot teve queda de 0,44%, a 5,4219 reais na venda.
O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021.