Dólar sobe ante real com exterior e fiscal no radar
O dólar era negociado em alta contra o real nesta quarta-feira, com o otimismo dos mercados internacionais sendo compensado pela cautela com a situação fiscal do Brasil, em dia de votação da autonomia formal do Banco Central.
Às 10:36, o dólar avançava 0,18%, a 5,3924 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,65%, a 5,417 reais.
O clima global parecia mais otimista nesta manhã, com os agentes do mercado à espera de mais estímulos fiscais nos Estados Unidos de forma a combater as consequências econômicas da Covid-19, com os democratas do Congresso norte-americano avançando com uma proposta no valor de 1,9 trilhão de dólares do presidente Joe Biden.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de rivais registrava estabilidade, enquanto pares arriscados do real apresentavam desempenho misto.
As bolsas asiáticas fecharam com ganhos expressivos, enquanto as ações europeias e os futuros de Wall Street trabalhavam em território positivo.
Mas, no cenário doméstico, predominava a busca por segurança em meio a temores sobre a situação das contas do governo, com a pressão no Congresso por mais medidas de ajuda econômica para a população vulnerável conflitando com um orçamento apertado para 2021 e uma dívida pública em patamares recordes.
“No Brasil, (a) situação fiscal gera preocupação diante das possíveis manobras do governo para a volta do auxílio emergencial“, disse o BTG Pactual digital em post no Twitter nesta manhã.
Temores de que os gastos com estímulo para a população levem a um furo do teto fiscal têm pressionado o real contra o dólar nos últimos meses, bem como um ambiente de juros baixos e forte disseminação da Covid-19 no Brasil.
Enquanto isso, ficava no radar dos investidores o andamento da agenda de reformas do governo, com uma liderança alinhada ao presidente Jair Bolsonaro na Câmara e no Senado apoiando as perspectivas de avanço em pautas vistas como essenciais pelos mercados.
A votação pelo plenário da Câmara do projeto que confere autonomia formal ao Banco Central, de forma a garantir à instituição financeira que execute suas tarefas sem risco de interferência político-partidária, ficou para esta quarta-feira após um acordo entre lideranças do governo e da oposição.
“Na política, o governo superou ontem a prévia de seu primeiro teste na Câmara sob a presidência de Arthur Lira, ao aprovar a urgência para o projeto de autonomia do Banco Central (…), mas a equipe econômica segue sofrendo pressão dos congressistas para a retomada do auxílio emergencial sem contrapartidas fiscais”, observaram em nota analistas da XP Investimentos.
Em meio a esse cenário, dados desta quarta-feira decepcionaram os investidores ao mostrarem as vendas no varejo despencando 6,1% em dezembro na comparação com novembro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de apenas 0,5%.
No acumulado do ano passado as vendas tiveram aumento de 1,2%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na terça-feira, o dólar negociado no mercado interbancário teve alta de 0,19%, a 5,3827 reais na venda, mesmo após o Banco Central intervir com venda de 1 bilhão de dólares no mercado de derivativos.
O BC anunciou para esta quarta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021.
(Atualizada às 10h40)