Dólar sobe ante real com aversão a risco no exterior
O dólar subia em relação ao real na manhã desta terça-feira, refletindo a aversão a risco no exterior em meio a temores sobre a disseminação da Covid-19, enquanto os investidores aguardavam dados importantes dos Estados Unidos desta semana.
Às 10:36, o dólar avançava 0,35%, a 4,9459 reais na venda. Na B3, o dólar futuro subia 0,46%, a 4,9475 reais.
No exterior, a moeda norte-americana também apresentava alta, ganhando 0,3% contra uma cesta de rivais fortes. Rand sul-africano, peso mexicano, lira turca e dólar australiano alguns dos principais pares do real, apresentavam perdas nesta manhã.
A busca pela moeda norte-americana refletia a cautela dos investidores diante da disseminação da variante Delta do coronavírus, altamente infecciosa, que poderia comprometer a perspectiva de uma recuperação econômica global, disse em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente de Correparti Corretora.
Na Ásia, a Indonésia está enfrentando alta recorde de casos de Covid-19, enquanto a Malásia deve prorrogar seu lockdown e a Tailândia anunciou novas restrições.
Além disso, os investidores ficavam de olho em pronunciamentos de dirigentes regionais do Federal Reserve nesta terça-feira, em meio a expectativas sobre um importante relatório de emprego dos EUA, que será divulgado na sexta-feira e tem “forte influência nos rumos da política monetária do país”, disse Gomes da Silva.
Apesar da leve alta desta manhã, o dólar segue sendo negociado abaixo do patamar psicológico de 5 reais e já acumula perda de aproximadamente 4,84% contra o real até agora em 2021.
Segundo Carlos Duarte, planejador financeiro da Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), há vários fatores que explicam a desvalorização recente da divisa norte-americana no mercado de câmbio doméstico.
“O ambiente brasileiro aponta para possível progresso na agenda de reformas, temos superávit em conta corrente e os juros locais começaram a ficar mais atrativos para o investidor”, explicou.
Um maior diferencial de juros entre Brasil e países de economias avançadas tende a beneficiar o real, principalmente devido a estratégias de “carry trade”. Elas consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Em seu último encontro de política monetária, o Banco Central do Brasil promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e a ata de seu encontro mostrou que o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros, indicando também um possível aperto maior em seu encontro de agosto.
Para Duarte, a política local pode ser um fator de volatilidade para os mercados de câmbio, mas apenas quando as eleições presidenciais de 2022 chegarem mais perto.
“Em anos de eleições geralmente temos mais volatilidade, principalmente com a polarização política de uma disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.”
(Atualizada às 10h52)