Dólar sobe 0,36% e fecha a R$ 5,21 após menor autonomia de Guedes
O dólar (USDBRL) fechou em alta moderada nesta quinta-feira depois de ter oscilado bastante ao longo do pregão, novamente alterando perdas e ganhos, refletindo um cenário externo também instável e ainda o aquecido noticiário político doméstico.
O dólar à vista subiu 0,36%, a 5,2112 reais na venda. A moeda variou de 5,168 reais (-0,48%) a 5,2252 reais (+0,63%).
No exterior, o dólar chegou ao fim da tarde perto da estabilidade, mas também mostrou volatilidade ao longo do pregão, marcado pela decisão de política monetária na zona do euro e por dados piores do mercado de trabalho norte-americano –ambos tendo como pano de fundo um ressurgimento dos receios em torno da Covid-19.
Estrategistas do Société Générale chamaram atenção para o que consideram uma divergência entre aumento de casos e hospitalizações por Covid-19 em países onde a vacinação está avançada. Isso indicaria retomada contínua da economia, o que favoreceria o dólar contra outras moedas. O euro, por exemplo, caía 0,2% nesta sessão, com o Banco Central Europeu (BCE) prometendo manter juros em mínimas recordes por mais tempo.
No caso do real, os profissionais destacaram uma linha de tendência de alta para o dólar depois de a divisa ter saído de um canal de queda que durou vários meses. A expectativa deles é que os preços se estabilizem com teto em 5,29/5,31 reais e piso em 5,10 reais.
“Eventualmente, o salto pode persistir em direção à média de 200 dias de 5,37 reais, com o próximo obstáculo nas projeções de 5,48 reais/5,50 reais”, disseram em nota.
Com as altas recentes, o dólar voltou a operar acima de sua média móvel de 50 dias, mas segue abaixo das médias de 100 e 200 dias –consideradas indicativos melhores de tendência num prazo mais longo.
Nesta semana, o dólar tem se mantido numa faixa estreita entre 5,19 reais e 5,25 reais, depois de na semana passada chegar a encerrar sessão em cerca de 5,08 reais.
A mudança de patamar veio acompanhada ainda de mais uma leva de notícias políticas de Brasília, com o governo tentando fortalecer apoio no Congresso, mas às custas de menor autonomia do Ministério da Economia de Paulo Guedes –em meio ao pior momento para o presidente Jair Bolsonaro desde o início de seu mandato e a debates ruidosos em torno da polêmica reforma tributária proposta por Guedes.
Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) aceitou seu convite e deverá assumir a Casa Civil de seu governo.
“Ao mesmo tempo que a governabilidade melhora no curto prazo, é um risco enorme para o governo no médio prazo”, disse a Rio Bravo em comentário, lembrando que, com o centrão dentro do governo, há risco de mais pressão por emendas parlamentares e para outros gastos.