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Dólar salta mais de 2% e bate novo recorde de R$ 5,84 após BC cortar juro

07 maio 2020, 17:23 - atualizado em 07 maio 2020, 17:37
Dólar Coronavírus
O dólar à vista fechou em forte alta de 2,39%, a 5,8399 reais na venda (Imagem: Pixabay)

O dólar voltou a disparar nesta quinta-feira, cravando novos recordes perto de 5,90 reais e com a moeda brasileira mais uma vez liderando as quedas globais, diante de um intenso desconforto no mercado local de câmbio ditado pela combinação entre juros cada vez mais baixos, economia em colapso e persistentes incertezas do lado político.

O dólar à vista fechou em forte alta de 2,39%, a 5,8399 reais na venda. Com isso, deixou confortavelmente para trás o recorde anterior, da véspera, de 5,7035 reais.

A moeda subiu mais de 13 centavos entre uma sessão e outra. Na máxima do pregão, foi a 5,8780 reais na venda, novo pico intradiário.

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro tinha um salto de 2,16%, a 5,8530 reais na venda às 17h02, após alcançar 5,8845 reais.

O Banco Central cortou na quarta-feira a taxa básica de juros à mínima histórica de 3% ao ano — redução de 0,75 ponto percentual, mais forte do que a prevista pelo consenso de mercado — e sinalizou uma última diminuição à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

“O dólar opera mais fraco no exterior hoje, mas aqui é diferente, porque, com a decisão do Copom, a tendência do dólar é ficar mais estressado”, disse à Reuters Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, citando surpresa dos mercados após um corte acima das expectativas medianas.

Uma pesquisa feita pela Reuters com 26 economistas mostrou que todos esperavam redução de 0,50 ponto na última reunião do Copom.

Em nota, a XP Investimentos disse que, “no comunicado emitido logo após a reunião, o BC ressaltou a elevada incerteza do momento e afirmou que, no cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. No entanto, interpretamos que os argumentos expostos são majoritariamente ‘dovish’ (ou seja, reforçam o cenário de mais cortes de juros adiante)”.

O BC afirmou em comunicado que uma nova redução não deve ser maior que a adotada na quarta-feira, de 0,75 ponto, indicando que a Selic não deve cair aquém do patamar de 2,25% ao ano.

Em nota, o Bradesco avaliou que o futuro da taxa “dependerá, essencialmente, da combinação de dados econômicos, preços de commodities e da resposta da taxa de câmbio ao ambiente global, doméstico e à própria queda de juros”.

De fato, a redução sucessiva da Selic a mínimas históricas tem surtido efeitos consideráveis sobre a moeda brasileira. Quanto menores os juros, menos rentáveis são os investimentos locais atrelados à Selic, o que torna o Brasil menos atraente para o investidor estrangeiro quando comparado a países emergentes de risco parecido.

O ambiente de juros baixos, combinado ao clima político tenso após a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça e à devastação econômica decorrente da pandemia de coronavírus, já deixa o dólar em alta de quase 45% ante o real no ano de 2020.

Enquanto isso, no mercado internacional, divisas emergentes ou ligadas a commodities, como peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, avançavam contra a moeda norte-americana. Outros ativos arriscados também ganhavam força após dados chineses melhores do que o esperado impulsionarem o apetite por risco.

Ainda no radar dos mercados estava a notícia de que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos totalizaram 3,169 milhões na última semana.

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