Dólar sai de mínimas ante real com exterior e fiscal no radar
O dólar (UDBLR) devolveu parte das amplas perdas registradas mais cedo frente ao real em meio a expectativas de juros mais altos no Brasil, com os investidores de olho na força global da divisa norte-americana e acompanhando o noticiário fiscal doméstico.
Às 14:02 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,17%, a 5,4293 reais na venda, já bem distante da mínima do dia, de 5,3538 reais (-1,56%).
Na B3 (B3SA3), às 14:02 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,15%, a 5,4310 reais.
O dia registrava ampla força da divisa norte-americana, com o índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes subindo 0,7% neste início de tarde, após ter tocado máximas desde meados de 2020 mais cedo.
Esse rali refletia apostas crescentes de que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, elevará os juros mais vezes do que o inicialmente esperado pelos mercados ao longo de 2022.
Agora, operadores já precificam até 5 altas de 0,25 ponto percentual cada nos custos dos empréstimos até o fim deste ano.
Juros mais altos nos EUA são, no geral, vistos como benéficos para o dólar e prejudiciais para moedas de países emergentes.
Além de fatores internacionais, repercutia nos mercados nesta quinta-feira a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro anunciou reajuste de 33,24% para o piso salarial dos professores, decisão que desagrada prefeitos e governadores pelo temor de uma pressão nas contas públicas e um efeito de bola de neve entre as demais categorias.
Ainda na pauta fiscal, o Comitê Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou, em reunião extraordinária realizada nesta quinta-feira, prorrogação até 31 de março do congelamento de ICMS que incide sobre combustíveis.
O dólar já deixou para trás as mínimas do dia ante a divisa brasileira, mas o real chegou a ser a moeda de melhor desempenho entre uma cesta de mais de 30 pares globais mais cedo no pregão.
Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, disse à Reuters que isso é reflexo do atual ciclo de altas de juros pelo Banco Central do Brasil.
Com a taxa Selic atualmente em 9,25% ao ano– a caminho de superar os dois dígitos, é “muito caro” ficar comprado em dólar, disse o especialista, uma vez que o carrego (retorno por diferencial de taxa de juros) oferecido pelo real é alto.