Dólar passa a subir antes de reuniões de política monetária; risco fiscal fica no radar
O dólar devolveu as perdas registradas mais cedo e subia frente ao real nesta terça-feira, à medida que investidores aguardavam as decisões de política monetária de vários bancos centrais, entre eles os de Brasil e Estados Unidos, enquanto temores fiscais domésticos continuavam em foco.
Às 10:36 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,41%, a 5,1412 reais na venda. A moeda chegou a cair 0,54% na mínima do dia, a 5,0926 reais, mas já recuperou completamente as perdas.
Na B3, às 10:36 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,29%, a 5,1670 reais.
Havia expectativa pela decisão de política monetária do banco central norte-americano, o Federal Reserve, que deve iniciar na quarta-feira um ciclo de aumento de juros com elevação inicial de 0,25 ponto percentual.
Em nota, analistas da Levante Investimentos disseram que “mais do que as mudanças (imediatas) nos juros, o que realmente interessa aos investidores é saber como os banqueiros centrais estão observando as dezenas de variáveis capazes de influenciar o ritmo da atividade econômica e, em decorrência disso, a inflação e a taxa de juros”.
Custos de empréstimo mais altos nos EUA são vistos como fator de apoio para o dólar, embora o patamar elevado da Selic seja um colchão para a moeda brasileira, segundo especialistas, já que tende a elevar a atratividade do mercado de renda fixa local.
A Selic, atualmente em 10,75% ao ano, deve subir em 1 ponto percentual na quarta-feira, ao fim do encontro de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom), de acordo com pesquisa da Reuters, embora parte dos mercados precifique aumento ainda mais agressivo diante dos riscos inflacionários representados pelo conflito na Ucrânia.
A guerra, que levou a temores generalizado de restrição na oferta global de bens energéticos e agrícolas, impulsionou os preços de várias commodities, do petróleo ao milho, nas semanas recentes. Na semana passada, os contratos futuros do Brent chegaram a flertar com os 140 dólares por barril, embora fossem negociados abaixo da barreira de 100 dólares nesta terça.
A disparada dos custos de energia no exterior afetou o Brasil, com a Petrobras reajustando os preços do diesel e da gasolina, o que levou o governo a sancionar integralmente um Projeto de Lei que altera a cobrança do ICMS sobre os combustíveis.
E investidores receberam com receio notícias de que o governo avalia adotar ainda mais medidas –como eventual subsídio aos combustíveis ou aumento temporário do Auxílio Brasil– para limitar impactos negativos da guerra na Ucrânia sobre a economia, ameaçando deteriorar a credibilidade fiscal do país.
Em nota desta terça-feira, estrategistas do Citi disseram que “os preços dos ativos (brasileiros) permanecerão sensíveis a quaisquer outras medidas que possam ser aprovadas para amenizar o impacto dos aumentos dos preços dos combustíveis sobre os consumidores”.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a segunda-feira em alta de 1,31%, a 5,1201 reais na venda, valorização que o Citi atribuiu ao noticiário envolvendo os planos do governo de mitigar o impacto da inflação de combustíveis no Brasil.
Nos patamares atuais, o dólar já está 2,7% acima da mínima de encerramento do ano, de 5,0033 reais. No acumulado de 2022, a moeda norte-americana ainda tem baixa de 7,8% frente ao real.
No exterior, o índice do dólar tinha baixa frente a uma cesta de seis rivais fortes, enquanto o euro –que tem sido visto como um indicador do sentimento em relação à guerra na Ucrânia– avançava 0,5%.
Contra algumas divisas mais arriscadas, como dólar australiano e peso mexicano, a moeda norte-americana registrava perdas. Mas, ante rand sul-africano e peso chileno, subia.
(Atualizada às 10:41)