Dólar renova máxima do ano e atinge a R$ 5,48: Veja os dois motivos que fizeram a moeda norte-americana disparar hoje
O dólar à vista opera em alta nas primeiras horas do pregão e atingiu a maior cotação de 2024 (até agora). Por volta de 14h (horário de Brasília), a moeda norte-americana renovou máxima intradia a R$ 5,4827, com alta de 0,89%.
No ano, a dólar avança cerca de 12% ante o real.
A divisa norte-americana tem acumulado ganhos contínuos nas sessões recentes em meio à crescente incerteza sobre o compromisso do governo com as contas públicas.
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Na véspera, o dólar atingiu o nível mais alto desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou o dia em R$ 5,4523.
No cenário externo, as negociações do dólar operam próximas da estabilidade com a paralisação das operações do mercado dos Estados Unidos por conta de um feriado nacional. O indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas, caiu 0,01%, aos 105.246 pontos.
Veja o que está influenciando na disparada do dólar
1 – Expectativa pelo Copom
A forte valorização acontece enquanto os investidores aguardam pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa é de manutenção da taxa Selic a 10,50% ao ano.
“A interrupção do ciclo de baixa se faz necessária diante do contexto econômico atual, marcado por uma atividade econômica forte, mercado de trabalho apertado, expectativas de inflação desancoradas e forte piora na percepção de risco”, afirma Rafael Passos, da Ajax Asset.
Dessa vez, o mercado espera uma decisão unânime — depois de uma clara divisão sobre a condução monetária na última reunião do comitê, realizada em maio, quando a Selic foi reduzida para 10,50% ao ano.
Na decisão, os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram em um corte de 0,50 ponto percentual, e os diretores remanescentes da gestão de Jair Bolsonaro formaram maioria por uma redução de 0,25 ponto — o que fragilizou a credibilidade do Banco Central.
Por sua vez, o foco dos investidores hoje estará nos votos de cada membro do BC, à medida que o mercado tenta projetar o futuro da política monetária brasileira após o término do mandato do presidente Roberto Campos Neto, no fim do ano.
A decisão do Copom será divulgada após o fechamento do mercado.
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2 – Cenário fiscal
O cenário fiscal segue no radar do mercado com a escalada das tensões entre o governo e o Banco Central com declarações do presidente Lula na véspera — que aumentaram as incertezas sobre a economia entre os investidores locais.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, disse em entrevista à rádio CBN.
Apesar das críticas, Lula não indicou alternativas concretas sobre como se dará o ajuste fiscal no país, afirmando apenas que nada pode ser descartado no momento.
Em meio às derrotas do governo no Congresso em seus esforços para elevar a arrecadação federal, o mercado tem pressionado pela revisão de gastos orçamentários a fim de que a meta de zerar o déficit primário neste ano seja atingida.
A disputa interna sobre cortes de gastos, medida defendida pela equipe econômica, mas vista com resistência por outros membros do governo, tem ajudado o dólar em seus ganhos frente ao real.
*Com informações de Reuters